Após incêndio, moradores da comunidade 29 de março querem reconstruir seus lares

Greca oferece aluguel social, mas desabrigados querem teto





Ocupação 29 de março. Foto: Manoel Ramires

Ainda em meio às cinzas e aos escombros após o incêndio que destruiu as moradias de pelo menos 300 famílias, os moradores da comunidade 29 de março tentam reconstruir suas vidas e seus lares. De forma rápida, a comunidade conseguiu se organizar e receber apoio da sociedade, principalmente dos movimentos sociais.

Em uma tenda azul, que tinha sido montada por causa dos dias das crianças e que permaneceu próximo ao local do incêndio, estão sendo entregues roupas e utensílios domésticos. No entanto, a necessidade imediata daqueles que perderam tudo têm sido água, principalmente porque não tem sido levada pela Sanepar, e comida.

Após perderem tudo, as pessoas estão morando de favor na casa de parentes e amigos dentro da comunidade ou em locais mais distantes. Mesmo assim, retornam quase que diariamente a local onde moravam em busca de ajuda. “Eu morava com meu filho de dez anos. Estou na casa da minha mãe. Todo dia meu filho pede para a gente voltar para casa, com saudade do nosso cantinho, mas eu digo que não podemos. Morava aqui há dois anos e perdi tudo”, conta a mulher grávida de cinco meses.

Ocupação 29 de Março. Foto: Manoel Ramires

Para abrigar essas pessoas, o prefeito Rafael Greca (PMN), que não visitou a comunidade após o incêndio atribuído a polícia, segundo os moradores, e a traficantes, segundo a PM, ofereceu o “aluguel social”. Nessa hipótese, a Prefeitura de Curitiba custeia por até seis meses a moradia dos desabrigados, mas em outro local longe dali.

No entanto, essa solução é descartada por parte das vítimas. Para elas, a intenção do prefeito é retirá-las da área ocupada e que já teve um decreto de regularização editado em 2014 pela prefeita no cargo, Mirian Gonçalves. O desejo dessas pessoas é construir suas vidas no mesmo local onde atualmente são só escombros, como conta uma das líderes comunitárias.

“A comunidade não quer sair. Queremos a regularização da área. A intenção deles (Prefeitura de Curitiba) é tirar a gente daqui. Mas seis meses depois acaba o aluguel e a gente vai para onde”, suspeita a moradora.

Uma das opções é a construção de moradias populares no mesmo local. A Ong Teto está lançando uma plataforma digital para angariar recursos e construir emergencialmente 50 casas na primeira fase. O custo deve ser de R$ 250 mil. O objetivo é conseguir erguer pelo menos 250 casas.

Atividades sociais

Nesta sexta-feira (14) será realizado o Sarau da Resistência. O evento cultural que ocorre a partir das 18 horas na Casa da Resistência deve arrecadar fundos para a aquisição de materiais de construção e brinquedos para as crianças.

Outra iniciativa ocorre neste domingo (16). Será realizado um grande ato cultural e religioso no local. Batizado como “Renascendo das Cinzas”, o evento que ocorre a partir das 14 horas tem foco em arrecadar recursos para as pessoas.