Voluntários atuam para promover planejamento urbano na reconstrução das moradias da Ocupação 29 de Março

Audiência Pública na Câmara Municipal discute investigação e destino dos desabrigados




FonteInformações IDP

Foto: Gibran Mendes

Uma frente única em prol dos moradores da Ocupação 29 de Março, em Curitiba, que foi destruída por incêndio na noite de 08 de dezembro, foi criada por diversas organizações da sociedade civil e por centros de pesquisa das universidades, para a execução de um Plano Urbanístico Emergencial (PLUE).

De acordo com José Ricardo de Faria, professor no Centro de Estudos em Planejamentos e Políticas Urbanas da UFPR, a intenção da elaboração desse projeto elaborado coletivamente é que a reconstrução das moradias seja em área com estrutura viária, com previsão de áreas públicas, com esgotamento sanitário, saneamento; qualificações para fins de regularização fundiária. “Percebemos essa demanda ao visitar, no domingo, a área atingida pelo incêndio. Pensar a comunidade de forma a reconstruir considerando critérios de reocupação para qualificar para regularização, produzir alternativas de urbanização”, disse.

Devido à urgência, pois cerca de 200 moradias foram perdidas, causando o desabrigo dessas famílias, após a visita no domingo, e diversas reuniões com outros coletivos que atuam junto às ocupações, já na terça-feira, 11 de dezembro, foi feito o levantamento topográfico da ocupação, com um voo de drone coordenado pelos professores Leonardo Ercolin, Alzir Filipe e Daniele Pontes, do Departamento de Geomática da UFPR.

Nos dois dias seguintes, alunos e professores de graduação e pós-graduação de diversos cursos e de diversos departamentos da UFPR e da UTFPR, especialmente em áreas relacionadas á arquitetura e ao urbanismo, trabalharam na elaboração de três opções de projetos. Essas alternativas de projeto emergencial, que levam em consideração a demanda por número de unidades, estrutura, áreas comuns, espaços, sistema viário, ocupação do solo, drenagem, esgotamento sanitário, tiveram também a participação do professor Daniel Santos, que se dedicou à área de saneamento.

“Os moradores vão ver as três opções nesta tarde (sexta-feira, 14), para domingo, dia do ato, estar definido qual projeto será desenvolvido na reocupação da área atingida pelo incêndio. É importante entender que é emergencial porque se trata mesmo de situação urgente”, avalia Faria.

Essa frente única de atuação também conta com o coletivo Teto, que assumiu a responsabilidade pela reconstrução das casas. “O Teto iniciou uma campanha, junto com as demais organizações coletivas, de captação de recursos para a reconstrução da ocupação. A expectativa é de reconstrução de 150 moradias, sendo que o número de moradias que a gente vai conseguir reconstruir depende do valor que a gente conseguir arrecadar”, explica Lucas Kogut, voluntário do Teto.

O Teto irá atuar no fornecimento de mão-de-obra para a reconstrução das casas, num mutirão de construção, e esclarece que as decisões serão protagonizadas pelos moradores. “Nós vamos nos organizar para que a gente possa ter várias frentes atuando nessa construção, só que é muito importante a gente priorizar os moradores à frente desse processo. Organizações, como o Teto, vão sim trabalhar em conjunto para reconstruir essas casas, no entanto, o número de voluntários vai ser muito menor do que nas outras atividades, visto que o objetivo é tornar esse processo muito mais à frente pela própria comunidade. Então nós, nesse momento, estamos sendo utilizados como ferramenta para reconstrução, sendo a comunidade a responsável por fazer essa atividade por si só”, afirma Lucas.

O plano urbanístico de reocupação utilizou as dimensões das moradias construídas pelo coletivo Teto como referência, mas o plano de reocupação também é adequado para que outras moradias sejam construídas pelos moradores, prevendo características que facilitem a regularização fundiária.

Para acessar o financiamento coletivo promovido pelo Teto, acesse www.juntos.com.vc/29resiste

CMC realiza audiência sobre moradia em Curitiba

O mandato da Professora Josete (PT) promove na próxima quarta-feira (19), na Câmara Municipal de Curitiba, a audiência pública com o tema “Direito à moradia, direitos humanos e a realidade no município de Curitiba”. O principal assunto do evento será a situação dos moradores das ocupações da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), especialmente das famílias da Ocupação 29 de Março desabrigadas após o incêndio criminoso ocorrido no dia 7 de dezembro.

A audiência, também apoiada pelo mandato do vereador Goura (PDT), contará com a presença de representantes de movimentos de moradia, das comunidades da CIC, do Ministério Público, da Companhia de Habitação de Curitiba (COHAB), da Fundação de Ação Social (FAS) e da Segurança Pública do Estado.

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