SindSaúde cobra Ratinho Júnior sobre pente-fino de terceirizados

Governo do Paraná paga até três vezes mais por almoço de pacientes





O governador Carlos Massa Ratinho Junior determinou a contratação de uma auditoria externa para avaliar as folhas de pagamento dos servidores ativos do Poder Executivo e inativos da Paranaprevidência (todos os Poderes). - Curitiba, 22/01/2019 - Foto: Rodrigo Félix Leal

O governador Ratinho Junior anunciou que vai contratar auditoria externa para fiscalizar a folha de pagamento dos servidores da ativa e aposentados. Para o SindSaúde, a notícia por si só não é ruim, já que toda e qualquer irregularidade dever ser detectada e punida. “A questão é que mais uma vez vemos nova investida na tentativa de culpar o funcionalismo estadual pelo mal funcionamento da administração pública”, aponta a entidade.

O sindicato fez um levantamento e afirma que Ratinho Júnior deve priorizar as auditorias nas terceirizações, que se alastraram no governo Richa. “A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) dispõe de estrutura física e profissionais capacitados para o trabalho, mas a gestão anterior privatizou laboratórios, lavanderias e mais recentemente as cozinhas dos hospitais. Tudo isso sem uma análise ou discussão mais criteriosa”.

Para os defensores da saúde estadual, ao contrário do que defendia o ex-secretário da saúde e agora deputado estadual, Michele Caputo Neto, o repasse desses serviços à iniciativa privada não qualificou em nada o atendimento à população. Os exames dos laboratórios atrasam. É comum as roupas das lavanderias chegarem sujas e amassadas. Sem contar que a alimentação tem sido uma verdadeira tragédia.

Arte: SindSaúde

“Enquanto isso, esses setores dos hospitais passaram a ficar ociosos. Os servidores foram realocados para outros setores, o que pode se caracterizar como desvio de função. Enquanto isso, a enfermagem segue sofrendo com a falta de pessoal e só consegue manter o atendimento com a contratação de horas extras”.

Em resposta ao SindSaúde, o governador disse que “as nossas auditorias foram elaboradas para vetar qualquer tipo de desvio de conduta e esta situação é uma que vamos investigar. Estamos revisando todos os contratos e cortando gastos. Obrigado pela informação, é muito importante estarmos todos juntos contra a corrupção”, saudou.

Governo paga três vezes a mais por refeição

Ao solicitar pente-fino dos contratos, o SindiSaúde abora a terceirização das cozinhas da Secretaria. De acordo com a entidade, a partir de 2017, a qualidade do serviço conseguiu ser ainda pior que nas experiências de terceirização anteriores. O horário engessado das alimentações, o uso indevido da estrutura pública e principalmente a falta de qualidade da comida têm causado diversos transtornos aos servidores e pacientes.

“Já nos primeiros contratos fechados pela Sesa, o Sindicato encontrou incoerências que jamais foram esclarecidas. Nas licitações realizadas no ano passado a mesma coisa. Diferenças gritantes de uma unidade pra outra, quantidades desproporcionais e o não cumprimento das especificações previstas em contrato seguem ocorrendo mesmo com as sistemáticas denúncias do Sindicato”, alerta a entidade.

Custo de refeição privada é o triplo de hospital público. Arte: SindSaúde

A entidade ainda afirma que na licitação de contratação de empresa de alimentação para os hospitais de dietas livres, especiais e suplementos orais, foi destinado o valor aproximado de R$ 29 milhões. Nas especificações do edital, observando a tomada de preços, vemos que uma dieta especial almoço custa no Hospital do Trabalhador R$ 5 e no Hospital Zona Sul de Londrina, o valor é de R$ 16,58 para a mesma refeição!

“Essa diferença, que se reflete em outros itens, impacta no valor final contratado. No Hospital do Trabalhador, que tem 255 leitos, o valor total mensal é de R$ 331 mil. No Zona Sul, que tem 110 leitos, o valor é de R$ 357 mil mensais. Isso mesmo, em Londrina é contratado um valor mais alto para atender menos da metade dos leitos do que em Curitiba’, denuncia.