MEC divulga nota citando KGB e teoria da conspiração

As definições de subir no pé da goiabeira foram atualizadas com sucesso





Deve ser o sinal dos novos tempos ou uma espécie de “Volta para o passado”. O fato é que já que de um lado, como em um vale a pena ver de novo, foi lançada uma novela celebrando a década de 1990, nada impede de algumas pessoas voltarem algumas décadas e acreditar em Guerra Fria, teorias da conspiração e KGB exercendo influência atualmente no Brasil. Afinal, tudo é ponto de vista, tudo é “minha opinião”, como dizem por aí aqueles que querem negar os fatos.

Esse deve ser o modelo adotado pelo Ministério da Educação (MEC), do governo Jair Bolsonaro (PSL). Os fatos em si pouco importam, mas suas versões. Aliás, parece que para integrar esse governo tem que colocar no currículo ser contra o tal marxismo cultural, que a terra é plana, que Jesus sobe em goiabeira e abençoa quem doa para a igreja, entre
outros. Mas o critério fundamental para ser contratado é jurar com os pés juntos que estamos vivendo uma Guerra Fria.

Esse, aliás, é o tom da Nota do MEC publicada no Facebook para desmentir que o governo Bolsonaro estaria censurando vídeos do Canal INES, para surdos, que tivessem referências a esquerda, marxismo, e direitos das minorias. O texto, publicado em CAIXA ALTA, COMO SE FOSSE UM GRITO, CONTRARIANDO OS MANUAIS DE MÍDIAS SOCIAIS QUE RECOMENDAM TEXTOS COM FRASES CURTAS, em caixa baixa, ORDEM PRESENTE, ENTRE OUTROS, explica que os vídeos foram deletados ainda na gestão de Michel Temer, mas não comenta que durante o período de transição.

Até aí, tudo bem. Mesmo que no primeiro parágrafo tenha escapado a separação da palavra re-sponsabilidade dessa forma. A nota, no entanto, parte para o ataque contra o jornalista do “comunista” O Globo, Ancelmo Góis, que revelara o fato.

O MEC, a instituição que deve zelar pelo conhecimento, pela pesquisa, por argumentos sustentados por fatos escreve que “O ministro da educação (oPTei por reproduzir em caixa baixa para facilitar a leitura. Grifo meu) sempre defendeu a pluralidade, recusando-se a adotar métodos de manipulação da informação, desaparecimento de pessoas e de objetos, que eram próprios de  organizações como a KGB, o serviço secreto do governo comunista na antiga União Soviética, que na década de 1960, quando de sua fuga do Brasil para a Rússia (INCRÍVEL. Grifo meu), protegeu e forneceu identidade falsa para o colunista de O Globo”.

Ufa, que falta fazem uns pontos. Pois é, não acredita que o MEC escreveu isso? Clique aqui e veja a publicação, se ainda não deletaram, se utilizando de métodos comunistas de desaparecimento de postagens.

Mas se o link desaparecer, o “Comunicado do MEC” pode ser visto abaixo. Ainda mais com a brilhante conclusão de que “Ancelmo Góis foi treinado em marxismo e lenismo na Escola de formação de jovens quadros do Partido Comunista Soviético”.

É verdade esse bilete!

Só não entendi porque não citaram Trotsky no treinamento. Deve ser porque não sabem se escrevem “trotkysmo” ou “trotkismo”.

Agora, com essa fabulosa nota vindo no mundo de BOB, também compartilhada pelo 03, ele mesmo, Carlos Bolsonaro, imagina só a prova do Enem que será corrigida pelo presidente?

Da minha parte, espero que essa nova novela da Globo pertença a uma teoria da conspiração para mostrar que a década de 1990 inaugurou uma nova ordem mundial com a queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética e da Guerra Fria, com a abertura econômica do Brasil, a Elba, o Fusca e a Playboy da Mara Maravilha sendo entregue na casa de “pais de bem”, taoquei.

Comunicado do MEC Publicado no Facebook da Instituição

Até aí, tudo