Aumento da tarifa do ônibus gera embates na Câmara de Curitiba

Vereadores rejeitaram moção de repúdio ao aumento da tarifa no transporte coletivo





Osias Moraes, líder do prefeito na CMC, orientou o voto contrário à moção. Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

O aumento da tarifa do transporte coletivo em Curitiba, que passará de R$ 4,25 para R$ 4,50 na quinta-feira (28), gerou embate oposição e base governista durante a votação de uma moção de repúdio a medida anunciada pelo prefeito Rafael Greca (PMN). A moção proposta pela vereadora Professora Josete (PT) foi rejeitada em plenário pela maioria após muita discussão entre os parlamentares.

“A população está pagando de forma triplicada por essa tarifa. Lá atrás quando a prefeitura abriu mão da multa de cerca de R$ 50 milhões dos empresários, quando em 2017 a prefeitura reajustou em 15% a tarifa e agora com esse novo reajuste anunciado”, declarou a petista. Ela lembrou que uma das primeiras medidas do prefeito Rafael Greca foi aumentar a tarifa de R$ 3,70 para R$ 4,25. “Em 2017 esse aumento representou 15% quando a inflação do período era de 6%”, recordou.

Josete destacou que no fim de 2017 o prefeito assinou um acordo judicial com o Setransp (Sindicato das Empresas do Transporte) liberando os empresários do pagamento de cerca de R$ 50 milhões em multas por não cumprirem indicadores de qualidade. “A prefeitura abriu mão desse valor. Na época também havia o questionamento da tarifa técnica ser inferior aos R$ 4,25. Tudo isso foi alvo de uma ação judicial”.

Outro ponto questionado foi o de que o aumento é necessário em virtude da renovação da frota de veículos. “A renovação da frota, da qual o prefeito e as empresas apresentam como uma ‘benesse’, nada mais é do que respeitar um dos itens da tarifa técnica”, argumentou a vereadora.

Josete ainda questionou o subsídio de R$ 50 milhões dos cofres da prefeitura para subsidiar o transporte. “De onde sairá esses R$ 50 milhões anunciados para subsidiar o transporte, visto que ele não estava previsto no orçamento do município?”, indagou Josete. Em resposta, o vereador Osias Moraes (PRB), líder do prefeito na Câmara, adiantou que ele será proveniente de um crédito adicional, porém sem prestar detalhes da procedência deste recurso.

Acordo de cavalheiros

A moção de repúdio contra o aumento da passagem foi rejeitada em plenário pela maioria dos parlamentares, seguindo orientação do vereador Osias Moraes. “Peço o voto contra pois esse subsídio é importante para a população. Foi um acordo de cavalheiros entre o prefeito e o governador para beneficiar a população. Junto com esse aumento virá a integração metropolitana do sistema, os novos corredores exclusivos que serão feitos pela Urbs”, defendeu o líder da base governista.

Favorável a moção, a vereadora Noemia Rocha (MDB) afirmou que o repúdio não seria “da oposição”, mas sim da população que é contra o aumento da tarifa. Ela criticou o fato da tarifa técnica prever o pagamento de impostos das empresas. “Será que o usuário está satisfeito por pagar imposto de renda de empresário do transporte? De pagar uma conta que não é dele?”, questionou.

Josete lamentou a rejeição de uma moção que refletia um descontentamento da população diante do reajuste da tarifa. Ao fim dos debates, a vereadora convocou a população a se unir ao ato contra o aumento da passagem que será realizado nesta terça-feira (26), a partir das 17h30, na Praça Rui Barbosa, no centro de Curitiba.