OPINIÃO: 8M para lutar e resistir

O caráter da luta das mulheres é absolutamente antissistêmico, pois denuncia a violência como um organizador da estrutura social posta





8 de março. Foto: Leandro Taques

Por Ana Carolina Dartora e Janaína Meazza*

O dia 8 de março é historicamente um dia de luta, resistência e denuncia para as mulheres do mundo todo, data em que lembramos o quanto a inserção das mulheres no mundo do trabalho foi e ainda é violenta, também celebramos as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao longo dos anos.

No Brasil este ano sairemos a rua em meio a hostilidade representada pelo governo de Jair Bolsonaro, que em inúmeras declarações explicitou o projeto político patriarcal, machista e racista que defende, este ato será o primeiro ato de massas desde sua eleição.

O caráter da luta das mulheres é absolutamente antissistêmico, pois denuncia a violência como um organizador da estrutura social posta, que considera uns mais que outros, assim, a falta de políticas públicas e de segurança, a retirada de direitos, a violência machista e racista que se converte em números gritantes de feminicídio e em brutal desigualdade de gênero e raça são sequelas desta estrutura.

A recente reforma trabalhista e proposta de reforma da previdência evidenciam a truculência do projeto político e econômico vigente, pois se aprovada a PEC 287 afetará toda a classe trabalhadora, mas as mulheres e as trabalhadoras rurais serão as mais prejudicados, já que o governo não considera as especificidades a que estão submetidas as mulheres e quer exigir a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de todas e todos, o que pode aprofundar ainda mais as desigualdades entre homens e mulheres, especialmente as mulheres negras e do campo.

Na centralidade da luta feminista está a vida como valor maior em detrimento ao valor de mercado, por isso propomos um modelo se organização social calcado na solidariedade, enfrentamento a violência em todas as dimensões (capitalista, simbólica , material, física , econômica e de relações de trabalho), bem como a igualdade de direitos e tolerância.

Temos como desafio reforçar a organização de mulheres e luta coletiva, apontar as desigualdades e a violência onde quer que se manifeste, reeducar a sociedade para uma convivência saudável e igualitária entre homens e mulheres, apontar a masculinidade tóxica a que todas e todos estão submetidos, concretizar politicamente projetos feministas, pois frases de efeito e motes feministas têm se popularizado mas muitas vezes são utilizados como discurso e não como orientador da prática e da ação social e política. Vamos para rua com disposição e esperança!

“Resistimos para viver, marchamos para transformar!”

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*Por Ana Carolina Dartora e Janaína Meazza | Militantes da Marcha Mundial de Mulheres