Sargento reformado é preso por efetuar tiros que matou Marielle Franco; ex-PM dirigia o carro

Ministério Público executa operação que aponta sargento reformado da Polícia Militar como autor dos disparos. Expectativa é que prisões esclareçam as motivações e quem encomendou a execução a vereadora




FonteRBA

Marielle Franco. Foto: Renan Olaz/CMRJ

Uma operação conjunta do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu na madrugada desta terça-feira (12) dois suspeitos de serem os assassinos de Marielle Franco, vereadora pelo Psol, e Anderson Gomes, que dirigia o carro em que ambos foram emboscados, no dia 14 de março do ano passado. Os presos são Ronie Lessa, policial militar reformado, e o ex-PM Elcio Vieira de Queiroz, que foi expulso da corporação.

Lessa foi preso em sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, zona oeste, o mesmo em que o presidente Jair Bolsonaro tem casa.

Ronnie Lessa (D) e a ação da PM no condomínio Vivendas da Barra para prendê-lo (Reprodução/TV Globo)

Segundo a denúncia do MP do Rio, Lessa teria sido o autor dos disparos contra as vítimas, e Elcio era quem dirigia o carro usado na emboscada. Segundo a denúncia das promotoras Simone Sibilio e Leticia Emile, o crime foi “meticulosamente” planejado três meses antes do atentado.

Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, parabenizou os envolvidos nas prisões dos suspeitos, mas ressaltou que a questão mais importante ainda não foi esclarecida: quem foi o mandante da morte de Marielle. “Falta a resposta mais urgente e necessária de todas: quem mandou matar Marielle. Espero não ter que aguardar mais um ano para saber quem foi o mandante disso tudo. Essa resposta e a condenação final de todos os envolvidos o Estado deve a todas e todos que sofrem com a perda de Marielle e da própria  democracia”, afirmou Mônica.

A operação desta manhã foi a primeira com a participação do Ministério Público do Rio, por meio do Gaeco, que é o grupo de combate ao crime organizado. Essa unidade investiga crimes principalmente relacionados às milícias no Rio.

Além das prisões, a operação realiza mandados de busca e apreensão nos endereços dos denunciados para apreender documentos, telefones celulares, notebooks, computadores, armas, acessórios, munições e outros objetos.

Lessa entrou na lista de suspeitos após ser vítima de uma emboscada, em 28 de abril, trinta dias depois do assassinato da vereadora. A tentativa de assassinato teria sido uma “queima de arquivo”.

As promotoras pedem a suspensão da remuneração e do porte de arma de fogo de Lessa. Também foi requerida a indenização por danos morais aos familiares das vítimas e a fixação de pensão em favor do filho menor do motorista Anderson até completar 24 anos de idade.

Em certo trecho da denúncia, elas ressaltam: “É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia. A barbárie praticada na noite de 14 de março de 2018 foi um golpe ao Estado Democrático de Direito”.