Em defesa de Lula, caravanas ocupam Curitiba

Multidão participou de ato político na Vigília Lula Livre na passagem de um ano de prisão do ex-presidente





Ato em solidariedade à Lula reuniu mais de 10 mil pessoas. Foto: Gibran Mendes

Mais de 10 mil pessoas ocuparam as ruas do bairro Santa Cândida, em Curitiba, nas imediações da sede da Polícia Federal. Caravanas de todas as regiões do Brasil que desembarcaram na capital paranaense para prestar apoio ao ex-presidente Lula na passagem de um ano de sua prisão. As atividades iniciaram com uma caminhada do terminal Boa Vista até a Vigília Lula Livre, onde foi realizado um ato político com a presença de diversas autoridades, entre elas o ex-ministro Fernando Haddad, que foi candidato do PT à presidência.

Mesmo na cadeira de rodas, Dona Jussá veio de Joinville para o ato. Foto: Julio Carignano

Por lá passou uma multidão de admiradoras e admiradores de Lula, gente que viajou horas para prestar solidariedade àquele que consideram o maior presidente da história do Brasil, gente que se emocionou com a leitura da carta escrita pelo ex-presidente e lida pela deputada Gleisi Hofmann. Gente que superou adversidades e limitações físicas para participar deste momento. Pessoas como a catarinense Jussá Vieira, professora aposentada de 71 anos que passou em uma cadeira de rodas gritando palavras de ordem ou fazendo seu crochê.

A cadeira de rodas deve-se ao fato de dona Jussá ter sofrido uma queda recentemente. Algo que não lhe impediu de embarcar em um ônibus de linha de Joinville à Curitiba. “Vim com minha filha. Não conseguimos vir em caravana, pois com a cadeira é difícil, então pagamos a passagem e viemos”, disse a senhora. “Lula vale a pena. Ele foi o verdadeiro pai dos pobres. Na época que eu fui professora a gente tinha que dividir lápis entre os alunos e eles moravam em casinhas de ripa. Hoje em dia estão todos morando em suas terras, estudaram. Isso tudo porque na época do Lula tiveram oportunidade que os de antes de não tiveram”, acrescenta a aposentada.

Visitando a vigília pela segunda vez, a cabeleireira Vera Lúcia Vargas viajou 350 quilômetros, direito de Lajes (SC). “Lula foi o único presidente que realmente pensou nos pobres deste país, que deu oportunidade para todos neste país. Quem consegue mesmo preso atrair tanta gente para uma manifestação tão bonita quanto essa? Ele nunca será esquecido por isso”.

Kátia veio de Brasília. 23 horas de viagem. Foto: Gibran Mendes

Outras causas se juntaram ao pedido da liberdade do ex-presidente. “Estou aqui pela liberdade do Lula, por justiça pela Marielle, pela causa indígena e contra esse desmonte que está acontecendo no país”, afirmou a professora Katia Garcia, que veio de Brasília (DF) em uma viagem que durou 23 horas.

Para a paulistana Jorgete de Oliveira, 56 anos, Lula é muito mais que um “mito”, fazendo menção ao apelido do atual presidente Jair Bolsonaro. “Ele é muito mais que um mito, ele é aquele que fez algo por nós, pela classe trabalhadora, pelos pobres deste país. Lutou por mim, por você, pelo filhos e netos dele, pelos meus filhos, pelos meus netos. Estou sofrendo muito com essa prisão”, disse Jorgete, que veio na caravana de São Paulo, mas que já tinha atuado como voluntária na cozinha da Vigília Lula Livre nos primeiros meses em que ela se constituiu.

Paulistanas no ato em defesa do ex-presidente. Foto: Julio Carignano

O maranhense Claudio Roberto foi outro apoiador de Lula que decidiu vir por conta própria até Curitiba para participar das atividades de um ano da prisão do ex-presidente. “A viagem é longa, a gente passa mal na estrada, bate aquele cansaço, mas o Lula merece todo esse esforço”, resumiu o nordestino com os olhos marejados após ouvir na voz de Gleisi a carta escrita por Lula, onde o ex-presidente afirma que sua libertação é parte importante para retomada da democracia no Brasil e, por razão disso, sua “liberdade causa tanto medo naqueles que são incapazes de conviver com o processo democrático”.