O ministro da Justiça Sérgio Moro autorizou o uso da Força Nacional de Segurança (FNS) na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes durante os próximos 33 dias, período que ocorrerá o Acampamento Terra Livre (ATL) da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), previsto para acontecer entre os dias 24 e 26 de abril, e que também coincide com atos alusivos ao 1º de Maio (Dia dos Trabalhadores) e contra a reforma da Previdência.
Para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organizadora do ATL, a medida é uma tentativa de intimidação dos povos indígenas. Para a entidade indigenista, o governo está incitando o ódio contra as comunidades tradicionais e atacando o sagrado direito à livre manifestação. “Do que vocês têm medo? Por que nos negam o direito de estar nesse lugar? Por que insistem em negar a nossa existência? Em nos vincular a interesses outros que não os nossos? Em falar por nós e mentir sobre nós?”, afirma a Apib em nota pública.
A entidade desmente declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que afirmou que o Acampamento é mantido com dinheiro público, afirmando que ele é autofinanciado com a ajuda de colaboradores. “Infelizmente o governo não se dispõe a nos ouvir e não ajuda com nada, o que ao nosso entendimento deveria ser o seu papel. É necessário acabar com a farra com o dinheiro público e isso não se fará com o congelamento do salário mínimo, ou cortes em saúde e educação. Se fará com o fim da corrupção, dos cheques, dos motoristas laranjas ou de tantos outros escândalos que vemos por aí”, diz a nota.
Por meio uma transmissão (live) por suas redes sociais, Jair Bolsonaro falou em “integrar os povos indígenas com a sociedade”. A declaração foi rechaçada pela indígena Sonia Guajajara, coordenadora executiva da Apib. ”Nos integrar a sociedade presidente? A que você nos oferece é a da guarda armada, a que queremos é a das terras demarcadas, da defesa da vida, do bem viver. Como sempre, seguiremos na resistência”, respondeu Guajajara.
Sobre o Acampamento
O Acampamento Terra Livre (ATL) é um encontro de lideranças indígenas nacionais e internacionais que visa a troca de experiências culturais e a luta pela garantia dos nossos direitos constitucionais, como a demarcação dos nossos territórios, acesso à saúde, a educação e a participação social indígena. De acordo com a Apib, o evento acontece há 15 anos sempre com caráter pacífico e buscando dar visibilidade para as lutas cotidianas das comunidades indígenas.
