Ratinho Jr confirma que é o novo velho da política

Privatizar, aumentar tarifas e congelar salários não é inovação, avalia Doutor Rosinha





Governador Carlos Massa Ratinho Jr. participa da solenidade de posse do presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero. Foto: Rodrigo Félix Leal/AEN

O velho novo jeito de governar o Paraná. Após 100 dias de mandato, é assim que o governador se apresenta para os paranaenses, na opinião do presidente estadual do PT, Doutor Rosinha. Ele lista as ações governamentais voltadas para empresários e mercado financeiro de um lado, e o arrojo para o povo e servidores públicos como “mais do mesmo” que já existia no governo de Beto Richa (PSDB). Ratinho também é cobrado pela oposição na Assembleia Legislativa do Paraná a mostrar criatividade e alguma novidade como gestor público.

Para Rosinha, os sinais de velhas práticas se confirmam no governo estadual. “O governador Ratinho Júnior se elegeu dizendo que era o novo. Contudo, 90% do primeiro escalão é de gente das antigas, dos governos anteriores que estão aí por mais de 20 anos, como o secretário (de Administração e Previdência) Reinold Stephanes”, indaga Rosinha. Pelo menos 13 nomes do novo governo ocupam o primeiro escalão da gestão atual.

O ex-deputado federal lembra que o governador “vem com o discurso de congelamento de salário dos funcionários públicos”. Mas que enquanto deputado ou secretário, ele iria defender os servidores e sua carreira. Em 2018, durante a campanha eleitoral, em sabatina a um portal de Curitiba, Ratinho fez promessas:

“Assim que tomar posse do governo, eu quero sentar com todos os presidentes dos sindicatos de servidores e fazer um planejamento de reajuste salarial para os próximos quatro anos. Nós trabalhamos, na Assembleia Legislativa, para fazer a reposição de 2,7% nesse ano da data-base. Mas o governo (Cida Borguetti) não quis dar com a alegação que não tinha condições enquanto liberou quatro bilhões para as prefeituras do Paraná e aumentou a energia em 15%, aumento o caixa do governo em R$ 400 milhões só com ICMS”, disse.

O fato é que Ratinho Júnior fez promessas aos sindicatos que não está cumprindo. De acordo com a APP- Sindicato, “diferente do prometido e esperado, agora que tem a caneta na mão, o governo declarou à imprensa, nesta semana, que pretende manter o congelamento do salário dos(as) servidores(as) públicos(as) e estuda mudanças no plano de carreira para acabar com direitos como promoções, progressões, quinquênios e licenças especiais”.

O governador tem sido visto em encontros com empresários, agronegócio, na Bolsa de Valores de Nova York. Nada de trabalhadores. Portanto, não surpreende que ele tenha mudado o discurso. “Não vai haver reajuste, mas com compromisso de nos próximos três anos dar o reajuste para os servidores”, falou durante a prestação de contas dos 100 dias. Rosinha não tem dúvidas na postura: “É a mesma coisa que fazia o Beto Richa”.

Curitiba, 29/08/2016. Foto: Orlando Kissner/ANPr

Privatizar é velho
O presidente do PT também questiona o velho discurso da privatização adotado pelo governador. “Isso é muito antigo. Desde de (ex-presidente) Collor de Melo, que se dizia novo, e fez a mesma coisa. Ele quer privatizar a Copel Telecom que no ano passado deu quase R$ 1,5 bilhão de lucro. Uma empresa que existe nos 399 municípios e pode levar internet pública com qualidade”, comenta.

Rosinha também comenta que subir a tarifa é mais do mesmo. “Aumentar a tarifa da Sanepar porque o mercado está pedindo. Isso é muito velho, governador. Assim como falar em reforma administrativa e não saber o quanto se vai economizar”, cobra.

Fundo Participação dos Estados
O líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Tadeu Veneri (PT), defende que o governo do estado deva cortar gastos com quem ganha mais e garantir recursos para o funcionalismo. “O governo do Estado excluiu o Fundo de Participação dos Estados (FPE) da base de cálculo da verba, o que reduz a fatia de cada um dos Poderes do bolo orçamentário. Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Ministério Público Estadual terão corte de recursos, o que geraria uma economia para o governo, que poderia, por exemplo, começar a repor as perdas salariais dos servidores públicos, entre eles, os professores e funcionários das escolas”, direciona.

Já o deputado Requião Filho (MDB) indica que o governador deve escolher suas prioridades. “Se está difícil para a data-base, os outros poderes têm que entender esse apelo. Não dá para construir palácio de mármore e conceder salário de R$ 35 mil para Ministério Público e auxílio de acumulo de função e dizer para os professores ficarem sem data-base”, compara.