Bolsonaro coleciona derrotas nesta semana

Presidente foi encurrado por oposição e aliados





Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) está cada vez mais encurralado. Ele vem sofrendo derrotas de todos os lados, de oposição à aliados. O seu governo empaca, envolto em uma série de polêmicas que ele, seus filhos e ministros criam diariamente. O país está sem comando e uma prova dessa nau desgovernada são os indicadores econômicos refluindo na mesma velocidade que os protestos vão crescendo. A cada dia que passa, a única sinfonia que Bolsonaro consegue reger é da insatisfação e da balbúrdia oficial.

O cerco se fecha a Bolsonaro nas ruas, no judiciário e, principalmente, no legislativo. Os mais atentos perceberam que ele e seu governo sofreram uma dura derrota na Câmara dos Deputados por parte de quem realmente governa a agenda pública: o centrão. Desarticulado, o presidente e o PSL não conseguiram evitar que o juiz Sérgio Moro perdesse o controle sobre o COAF que, entre outros, é o órgão revelou o laranjal de Queiroz e família presidencial. Também não conseguiram manter a FUNAI com a ministra Damares para que ela pudesse doutrinar os índios. Ontem (9), inclusive, o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM) alertou que a MP 820 corre o risco de caducar, fazendo com que a estrutura de governo retorne aos tempos de Michel Temer (MDB).

O presidente também perdeu tempo dele – e dos brasileiros – com a viagem aos EUA. Ainda mais porque Trump “descumpriu” a sinalização de o Brasil integrar a OCDE. A hipótese havia sido o único trunfo de Bolsonaro que entregou a base de Alcântara e eliminou a necessidade de vistos para os norte americanos. Aliás, permissão essa que corre o risco de dar marcha ré, uma vez que ela tem que ser aprovada pelos mesmo deputados que apoiam o governo e o derrotaram ontem, outro dia na CCJ e não blindaram o ministro da economia Paulo Guedes.

A blitz das manifestações contra o político de extrema direita se aproxima na medida em que ele frita seus generais. A semana de ataques a Santa Cruz e Vilas Boas, sem mencionar os tiros disparados contra o vice-presidente Hamilton Mourão promovidos pelos filhos de Bolsonaro e pelos olavetes, pode fazer com que as Forças Armadas adotem uma retirada estratégica do governo em nome da sua própria imagem. Parafraseando o ex-presidente Lula, nunca na história do país os militares foram tão expostos ao ridículo pelo próprio governo como na atual fase.

Nesse sentido, é bom Bolsonaro se preparar para o pior. Ainda mais quando o bafo da juventude e da educação se organiza contra seu governo. Aliás, esse parece ser um mérito do presidente: unir o povo contra si. Os estudantes estão armados de argumentos. A greve do dia 15 de maio deve movimentar o país. Em junho tem a greve geral contra a reforma da previdência. A gasolina e o Diesel sobem, assim como o desemprego. Ou seja, a tempestade perfeita está se formando. Inclusive com a ajuda do segundo ministro da educação, Abraham Weintraub, que foi explicar os cortes na pasta com chocolates e se lambuzou todo na lógica e argumentação.

O cerco é tão real que até quando ganha uma batalha, Bolsonaro a perde.

É o caso do decreto do porte de armas ampliando a possibilidade para 20 categorias e até para que menores de idade possam manusear armas de fogo. A promessa de campanha é um tiro à queima-roupa na constitucionalidade e já está sendo questionada pela oposição e, pasmem, pela Bancada Evangélica. A impulsividade do presidente pode fazer com que ele seja alvejado mais uma vez, assim como foi pelo Ministério Público Federal, que pediu a condenação da União por censurar peça publicitária do Banco do Brasil valorizando negros e a diversidade.