Desemprego volta a crescer no Paraná, aponta IBGE

Economista alerta para aumento da precarização do trabalho, que impacta na arrecadação e consumo das famílias





Foto: Rodrigo Felix Leal/ANPr

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o balanço sobre os empregos no primeiro trimestres de 2019. Os dados apontam que houve crescimento no desemprego no Paraná na gestão de de Jair Bolsonaro (PSL) após recuperação no último governo. O estado encerrou o 1º trimestre de 2019 com 536 mil desocupados. Isso representa 8,9%. A média nacional, de acordo com o IBGE, foi de 12,7%, 1,1 ponto percentual acima do trimestre anterior (11,6%) e 0,4 p.p ponto percentual abaixo do 1º trimestre de 2018 (13,1%).

No Paraná, a taxa de desocupação no 1º trimestre de 2019 foi de 8,9%. O que significa que na gestão do governador Ratinho Júnior (PSD) e do presidente Jair Bolsonaro o desemprego cresceu 1,1 ponto percentual acima do trimestre anterior (7,8%), ainda nos governos de Cida Borguetti (PP) e Michel Temer (MDB). Mesmo assim, os números atuais são 0,7 ponto percentual abaixo do 1º trimestre de 2018 (9,6%).

Para o economista do DIEESE, Fabiano Camargo, o aumento do desemprego no estado representa um movimento sazonal, uma vez que a dimunuição do desemprego vinha em queda mais tímida.

“O desemprego aumentou no primeiro trimestre, assim como ocorre todo ano, e vai caindo ao longo do ano, ainda que não reduza muito e continue com uma taxa elevada. O que se teve ao longo de 2018 foi a redução da taxa de desemprego, mas uma redução residual decorrente do avanço das ocupações precárias”, alerta o economista.

Apesar do crescimento do desemprego, o Paraná está entre os estados com as menores taxas de desocupação (8,9), ficando atrás apenas de Santa Catarina (7,2%) e Rio Grande do Sul (8,0%).

Precarização

Por outro lado, 1/4 dos trabalhadores do estado desempenham atividades por conta própria. São 25,7% nessa condição  – dentro da média naciona – contra 19,6% de trabalhadores autônomos no Distrito Federal. Com relação aos empregos no setor privado sem carteira assinada, no 1º trimestre de 2019 o índice contabilizou 11,1 milhões, caindo -3,2% em relação ao trimestre anterior (menos 365 mil pessoas) e subiu 4,4%, (mais 466 mil pessoas) comparado ao mesmo trimestre de 2018. No Paraná se registra 19% de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado.

“Se nota o avanço da informalidade, ou seja, empregos sem carteira assinada e por conta própria. Também tem aumentado a subutilização da força de trabalho. A reforma trabalhista veio a agravar a situação com o avanco de formas precárias de contratação”, avalia Camargo.

Crescimento econômico

Segundo o DIEESE, os números mostram um cenário preocupante puxado por um processo intenso de precarização das condições de trabalho, com elevados níveis informalidade, desemprego e subutilização da força de trabalho, rendimentos estagnados e/ou em queda.

“Estas condições dificultam qualquer retomada do crescimento econômico, haja visto que o consumo das famílias respondem por cerca de 60% da demanda da economia. Já os trabalhadores que estão encontrando ocupações atualmente no mercado de trabalho são em ocupações sem carteira e por conta própria em sua maioria, formas de inserção no mercado de trabalho que não contribuem para previdência, por exemplo”, alerta o economista.

Bolsonaro minimiza desemprego

O presidente Jair Bolsonaro voltou a menosprezar a sua responsabilidade sobre a geração de empregos no país. Responsável pelo encerramento do Ministério do Trabalho que pode renascer das cinzas no começo de junho (clique aqui para ler), ele disse que não faz milagres.

“Se fala em milhões de desempregados? Tem, até mais do que isso. O IBGE tá errado, tem muito mais do que isso. Tenho pena, tenho. Faço o que for possível, mas não posso fazer milagre, não posso obrigar ninguém a empregar ninguém”, desconversou.