Ajufe abandona Moro a sua sorte

Entidade a qual Moro foi ligado não saiu em defesa do ex-juiz





Créditos das Imagens: Augusto Dauster/Ajufe

A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) abandonou seu ex-representado, o atual ministro da Justiça Sérgio Moro, a sua própria sorte. Em nota publicada na noite de segunda-feira (10), a entidade não saiu em defesa do ex-juiz após as revelações de que ele teria atuado como “parte da acusação” contra o ex-presidente Lula. A Ajufe se limitou a dizer que “confia na honestidade, lisura, seriedade, capacidade técnica e no comprometimento dos Magistrados Federais”. Posição branda diante da nota da OAB que pediu o afastamento de Moro e Dallagnol por respeito às instituições.

Ao invés de defender Moro como em outras ocasiões polêmicas da Lava Jato, a Ajufe preferiu dizer que está “entre seus princípios pugnar pelo fortalecimento do Poder Judiciário e de seus integrantes, atuar pelo aperfeiçoamento do Estado Democrático de Direito e pela consolidação dos direitos humanos. A entidade também prioriza a defesa institucional da carreira e a preservação das prerrogativas de seus associados, assim como toda associação ou órgão de representação de classe”.

A nota destaca que a entidade se manifestou por meio de 47 notas públicas desde 2016, das quais apenas 8 tratam da Operação Lava Jato ou do atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Em 2014, por exemplo, a Ajufe negou vazamentos seletivos da Operação Lava Jato. Na ocasião já construíam a narrativa de que a operação é “estritamente técnica, imparcial e apartidária, buscando adequadamente elucidar todos os fatos para, se for o caso, serem aplicadas punições a quem quer que sejam os responsáveis”.

Já em 24 de julho de 2017, a Ajufe disse que “tendo em vista os ataques sofridos nos últimos dias pelo juiz federal Sérgio Moro em decorrência de ter prolatado sentença penal condenatória do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, vem manifestar seu veemente repúdio contra as atitudes ofensivas à honra pessoal do magistrado por estar cumprindo o seu dever, que é conduzir os processos judiciais e julgá-los”. A nota era assinada pelo presidente da Ajufe, Roberto Carvalho Veloso.

Mas, com relação as denúncias de que Moro vazou conversas da presidente Dilma Rousseff, questionou o andamento e as estratégias dos procuradores, a Ajufe se limitou a dizer que “as informações divulgadas pelo site precisam ser esclarecidas com maior profundidade, razão pela qual a Ajufe aguarda serenamente que o conteúdo do que foi noticiado e os vazamentos que lhe deram origem sejam devida e rigorosamente apurados”.