NAS CORDAS | A Lava Jato resolveu sair das cordas e disparar golpes contra o ex-presidente Lula. Só que abaixo da cintura. Em menos de 24 horas, duas ações dos procuradores do Ministério Público Federal tentam retomar o controle da agenda política do país. O problema é que o árbitro no ringue não é mais o mesmo e a plateia está mais atenta aos socos ilegais.
APÓS SOAR O GONGO | Não há coincidência em nenhum dos dois pedidos que o MPF faz contra Lula neste momento. É o “bom e velho” timing das ações que são pautadas em gerar manchetes negativas em momentos cruciais da vida brasileira. O pedido de bloqueio de R$ 78 milhões dos bens de Lula feito por Deltan Dallagnol e companhia hoje (27) e o pedido de aumentar sua pena no caso do Sítio de Atibaia ontem (26) é mais do mesmo na perseguição contra o ex-presidente. É o dedo no olho fingindo que estava se esquivando de um cruzado no queixo.
ABRINDO CONTAGEM | Foram muitos cruzados e diretos desferidos na imagem da Operação Lava Jato nos últimos dias. Os procuradores estão grogues e decidiram apelar antes que sejam nocauteados pelas denúncias do Intercept Brasil. A ofensiva contra Lula, não por acaso, ocorre dois dias após o jornalista Gleen Greenwald participar de uma audiência na Câmara dos Deputados sobre as conversas entre o ex-juiz Sérgio Moro e Dallagnol e a sinalização do Supremo Tribunal Federal de que Lula pode ser solto em agosto após análise do pedido de suspensão de Moro. O ministro Gilmar Mendes já tornou público que provavelmente os pontos dos outros rounds devem ser anulados.
VALE TUDO | É contra a paridade de armas que a Vaza Jato se mobiliza. O bloqueio dos bens é um estratagema para por Lula nas cordas, como observa a defesa do ex-presidente. “O ex-presidente Lula não tem e nunca teve patrimônio sequer aproximado da quantia de R$ 78 milhões que o juiz da 13a. Vara Federal de Curitiba determinou bloquear. A Lava Jato sabe muito bem que se trata de grosseira falsidade, pois seus procuradores e a Receita Federal fizeram uma devassa arbitrária e ilegal nas contas de Lula”, apontam os advogados.
TIRA-TEIMA | Também tem que se lembrar que mesmo sem habeas corpus, Lula pode ser solto em breve por conta da progressão de pena. Isso faz com que seus adversários tentem ampliar sua condenação no caso do Sítio de Atibaia, criando um ambiente propício para que essa condenação seja confirmada pela turma do TRF-4. Nesse caso, Cristiano Zanin e Valeska Martins destacam que “o parecer do Ministério Público foi apresentado em um processo viciado pela parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro, que conduziu praticamente todas as suas fases, e dos procuradores, que promoveram uma perseguição política sem base legal contra Lula”.
DONO DO CINTURÃO | Não custa nada lembrar que o Ministério Público Federal do Paraná não se opôs a venda do Sítio de Atibaia, que pertence ao empresário Fernando Bittar, após o seu pedido. O mesmo que MPF-PR comunicou sua posição ao juiz Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Federal de Curitiba é o que pede o aumento da pena.
