Dallagnol dá desculpa para não comparecer ao Congresso Nacional

Procurador se esquiva de explicar ao legislativo as denúncias da Vaza Jato





Em 2016, Dallagnol esteve na Câmara dos Deputados em agosto e novembro. Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados

O procurador da República Deltan Dallagnol não vai comparecer ao Congresso Nacional para explicar as irregularidades da Operação Lava Jato denunciadas pelo Intercept e veículos de imprensa do Brasil. No final de semana, a revista Veja trouxe reportagem de capa mostrando como o juiz Sérgio Moro influenciou em delações e nos processos, contando com a colaboração de Dallagnol. Já a Folha de São Paulo e o Intercept mostraram que o ex-juiz sugeriu interferir nas eleições venezuelanas com vazamento seletivo de informações. Atitude apoiada por Dallagnol, mesmo sabendo do risco de gerar uma “guerra civil”, conforme o próprio procurador.

Ao confirmar que não vai ao Congresso Nacional, Dallagnol se esquivou dizendo que tem excesso de trabalho e repetiu que não reconhece a veracidade das mensagens confirmadas por diversos veículos de imprensa.

“Como membro do Ministério Público, Instituição essencial à Justiça, tenho por função constitucional desempenhar trabalho de natureza técnica perante o Judiciário, outro poder, situação distinta daquela de agentes públicos vinculados ao Poder Executivo. Esse trabalho técnico consiste em investigar fatos e buscar a aplicação da lei penal de modo eficiente e justo, de acordo com a Constituição e com as leis, atividade funcional sujeita à apreciação do Poder Judiciário”, alegou.

Dallagnol, por fim, informou que não vai ao Congresso. “Diante disso, muito embora tenha sincero respeito e profundo apreço pelo papel do Congresso Nacional nos debates de natureza política que realiza e agradeça o convite para neles participar, acredito ser importante concentrar na esfera técnica minhas manifestações sobre mensagens de origem criminosa, cuja veracidade e autenticidade não reconhecemos, e que vêm sendo usadas para atacar a Operação Lava Jato”.

O procurador seria ouvido pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Além dele, também é ouvido o representante da coordenação-executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), juiz Marcelo Semer. A entidade pediu o afastamento do procurador e do ministro.

Dallagnol já esteve outras vezes na Câmara dos Deputados. Em uma delas era para defender as 10 medidas contra a corrupção. Em agosto de 2016, o procurador ficou por pelo menos  seis horas debatendo o Projeto de Lei 4850/16.