O procurador da República Deltan Dallagnol não vai comparecer ao Congresso Nacional para explicar as irregularidades da Operação Lava Jato denunciadas pelo Intercept e veículos de imprensa do Brasil. No final de semana, a revista Veja trouxe reportagem de capa mostrando como o juiz Sérgio Moro influenciou em delações e nos processos, contando com a colaboração de Dallagnol. Já a Folha de São Paulo e o Intercept mostraram que o ex-juiz sugeriu interferir nas eleições venezuelanas com vazamento seletivo de informações. Atitude apoiada por Dallagnol, mesmo sabendo do risco de gerar uma “guerra civil”, conforme o próprio procurador.
Ao confirmar que não vai ao Congresso Nacional, Dallagnol se esquivou dizendo que tem excesso de trabalho e repetiu que não reconhece a veracidade das mensagens confirmadas por diversos veículos de imprensa.
“Como membro do Ministério Público, Instituição essencial à Justiça, tenho por função constitucional desempenhar trabalho de natureza técnica perante o Judiciário, outro poder, situação distinta daquela de agentes públicos vinculados ao Poder Executivo. Esse trabalho técnico consiste em investigar fatos e buscar a aplicação da lei penal de modo eficiente e justo, de acordo com a Constituição e com as leis, atividade funcional sujeita à apreciação do Poder Judiciário”, alegou.
Dallagnol, por fim, informou que não vai ao Congresso. “Diante disso, muito embora tenha sincero respeito e profundo apreço pelo papel do Congresso Nacional nos debates de natureza política que realiza e agradeça o convite para neles participar, acredito ser importante concentrar na esfera técnica minhas manifestações sobre mensagens de origem criminosa, cuja veracidade e autenticidade não reconhecemos, e que vêm sendo usadas para atacar a Operação Lava Jato”.
O procurador seria ouvido pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Além dele, também é ouvido o representante da coordenação-executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), juiz Marcelo Semer. A entidade pediu o afastamento do procurador e do ministro.
Dallagnol já esteve outras vezes na Câmara dos Deputados. Em uma delas era para defender as 10 medidas contra a corrupção. Em agosto de 2016, o procurador ficou por pelo menos seis horas debatendo o Projeto de Lei 4850/16.