Aumenta o cerco a Dallagnol e Moro

Novas reportagens e decisões no STF enfraquecem politicamente a dupla





Outdoor na Paraíba revela que sociedade reage a abusos da Lava Jato. Foto amaradora.

A prisão dos supostos hackers, a confissão de que eles seria a fonte do The Intercept e as ameaças do presidente Jair Bolsonaro ao jornalista Gleen Greenwald de que “pegaria uma cana” apontavam para a desidratação da Vaza Jato. Soma-se a isso a informação vazada pelo ministro Sérgio Moro de que ministros do STF e políticos também tinham sido alvos dos grampos. Contudo, as falas de Bolsonaro ao longo semana sobre a Ditadura, novas reportagens contra Dallagnol e a considerada chantagem de Moro podem estar dando novos rumos ao caso. Neste momento, Moro e Dallagnol estão cercados.

Ao prender os hackers de Araraquara, o ministro Sérgio Moro correu para enaltecer o trabalho da Polícia Federal, ligar as prisões aos jornalistas e, consequentemente, intimidá-los. Contudo, após isso, novas reportagens seguiram minando a imagem do ex-juiz e do procurador. Numa delas, Moro teria interferido na delação de Antônio Palocci seis dias antes do primeiro turno.

Já contra Dallagnol, pesou a palestra secreta dada a um fundo de investimentos, onde informações públicas e privilegiadas teriam sido repassadas a interesses financeiros e privados. Em seguida, a última reportagem revela que Dallagnol tentou investigar o atual presidente do STF, Dias Toffoli, e o ministro Gilmar Mendes.

A sanha de Dallagnol e essa reportagem devem promover o maior abalo na Lava Jato. Ao ser revelado que o estado policial chegou ao STF, a reação dos ministros foi imediata. Gilmar Mendes já cobrou o CNJ e o CNMP que agora, como é dito no jargão popular, “não podem passar pano” para a conduta do procurador da República. 

“Todos nós temos que nos debruçar sobre esse tema. O CNJ precisa. Os deveres éticos dos juízes, os deveres éticos do juiz, o que ele pode e não poder fazer. O CNMP, os órgãos de correição. É preciso saber o que estava ocorrendo”, alertou Mendes. Um dia após a reportagem, os ministros enfim pressionam para que Deltan Dallagnol seja afastado da Lava Jato. Se isso ocorrer, é o início do seu fim.

O ex-juiz Sérgio Moro não está em melhores condições. Após “ameaçar” autoridades dizendo que sabia o que elas disseram por conta da apreensão dos materiais com os hackers, mas sugerindo a destruição de provas, ele foi encurralado por dois ministros do STF no retorno dos trabalhos. Alexandre Moraes e Luiz “In Fux we trust” ordenaram que as provas subissem para o Supremo. Na prática, “tomaram” a vantagem que Moro teria.

“Determino, outrossim, seja remetida a este Relator cópia do inteiro teor do inquérito relativo à referida operação, incluindo-se as provas acostadas, as já produzidas e todos os atos subsequentes que venham a ser praticados”, ordenou o ministro Fux. 

Essas cartadas no STF, somados a continuidade das reportagens que sequer são mais questionadas em sua veracidade, aumentam o cerco aos dois. Ainda é cedo para prever como vão reagir ao momento, mas é certo que ambos não têm mais controle da agenda.