Negociações sindicais garantem 68% de reajustes acima da inflação em 2018

Por outro lado, segundo semestre registrou queda nos acordos por conta da inflação





Presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz. Foto: Gibran Mendes

A queda da inflação e a estagnação do PIB foram dois elementos cruciais que garantiram reajustes de trabalhadores acima da inflação em 2018. Em 2015, o IPCA no Brasil bateu 10,67%. Em 2018, após dois anos de queda, o Índice de Preços ao Consumidor fechou em 3,75%. Já o PIB, em 2015, recuou 2,2%. Em 2017 teve uma recuperação, chegando a 1,6% e ficou em 1,1% em 2018. 

Esses números colaboraram para que os reajustes negociados pelos sindicatos fossem 68% acima da inflação. No ano passado, o mês com maior alta foi junho, 1,26% e acumulo de 4,39% nos últimos doze meses. No entanto, desse ganho real, apenas 0,7% das negociações tiveram ganho real considerável. A grande maioria, 185 negociações, conseguiram apenas o arredondamento da inflação do período.

No entanto, no segundo semestre, embora tenha sido registrado deflação em agosto e novembro, as negociações pioraram. 40,7% delas apenas repuseram a inflação e 8,8% promoveram perdas salariais, revelam os números do DIEESE.

“Uma possível explicação para o comportamento tão desigual dos semestres é o aumento abrupto da inflação em junho, de aproximadamente 1 p.p. em relação a maio, fruto principalmente da elevação dos preços do transporte, alimentação e habitação. Essa variação acarretou o aumento dos valores do reajuste necessário para recomposição salarial nas datas-bases seguintes”, avalia o Departamento.

O DIEESE também observou que quase a totalidade dos reajustes salariais analisados em 2018 foram pagos em uma única parcela. Já o pagamento de abono salarial combinado com aplicação do reajuste foi observado em 3% das negociações. É o menor patamar dos últimos anos, caindo de 7,7% em 2016 para 3,2% em 2018.

Crise na indústria reflete nas negociações

A crise na indústria brasileira também teve reflexo nas negociações de 2018. Ela apresentou a menor proporção de reajustes acima da inflação. Cerca de 61% das categorias do setor, frente a 72% do comércio e 77% dos serviços, obtiveram ganhos reais nas datas-bases, que se concentraram nas faixas de menor valor, em especial na primeira, de até 0,5% acima do INPC-IBGE.

Na indústria também se observa a maior proporção de reajustes iguais à inflação: 32%, frente a 24% no Comércio e 14% nos Serviços. Dentre as negociações da Indústria, destacaram-se aquelas realizadas pelos metalúrgicos, trabalhadores da alimentação e trabalhadores têxteis, com incidência de reajustes acima da inflação superior à média do setor (81%, 70% e 64%, respectivamente, frente a 61% do setor).

A maior proporção de reajustes abaixo da inflação foi registrada no setor de Serviços (9%), seguido pela Indústria (7%) e Comércio (4%). Nos têxteis, por outro lado, verifica-se a maior proporção de reajustes inferiores à inflação (21%), seguidos pelas negociações na indústria do papel (18%) e dos urbanitários (13%).