O governo do Paraná ignorou grupo de trabalho para tratar do desenvolvimento do litoral do Paraná e fez um pedido de licença de instalação para a implantação da Faixa de Infraestrutura no município de Pontal do Paraná. Ela tem a finalidade de viabilizar e atender um porto privado que seria feito na sequência em Pontal do Paraná. A denúncia é feita pelo Observatório Justiça e Conservação, que apresentou ao governo estadual o projeto de Ciclo-Rodovia Interpraias, proposto pela sociedade paranaense.
No documento que o Porém teve acesso, o secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex Cruz de Oliveira assina no dia 23 de agosto, e protocolou no dia 17 de setembro o requerimento que permite a instalação de uma estrada para um porto privado e que coloca em risco a biodiversidade da Ilha do Mel. O pedido ocorreu no intervalo da formação de um grupo de trabalho composto por membros do governo do estado e do poder público, ONGs e prefeituras.
No mesmo dia 23 de agosto – data do protocolo -, aconteceu a apresentação de um anteprojeto de desenvolvimento alternativo para o litoral do Estado ao Governo do Paraná. Na apresentação do projeto, que aconteceu pela manhã, estavam representantes das secretarias de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Planejamento e Infraestrutura e Logística. Foi neste encontro que o secretário de Meio Ambiente, Márcio Nunes, propôs , a criação de um grupo de trabalho para debater em conjunto a viabilidade da ideia apresentada, conforme registra o Observatório.
Paralelamente a isso, foi feito o pedido de licença ambiental que recorta a mata nativa de Pontal do Paraná em 24 quilômetros, com quatro faixas de rolamento e ao custo de R$ 3,8 milhões. O protocolo no dia 17 de setembro, ou seja, dentro do prazo do grupo de trabalho sugerido pelo próprio governo.
“No mesmo dia em em que o Governo do Paraná mais propagandeou estar “aberto ao diálogo” para pensar em soluções mais inteligentes e viáveis, que passem pelo estímulo ao turismo e não por um porto destruidor que vai condenar irreversivelmente o futuro de todo o litoral do Paraná”, critica nota do Observatório.
Em entrevista exclusiva ao Porém antes de descobrir que o governo seguia com os planos de permitir a construção de uma estrada privada, Giem Guimarães, diretor-executivo do Observatório de Justiça e Conservação, ele alertava para os riscos do projeto e que confiava no diálogo agora quebrado.
“Se o governo quiser ser coerente com seu discurso de campanha, precisa prestar atenção ao que a população do estado realmente quer. Estamos fornecendo um projeto alternativo para a região de Pontal do Paraná. É a primeira vez que a população se mobiliza para oferecer ao setor público uma solução que atenda veranistas”, destacou.