O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) parece ter ódio ao conhecimento. Desde o início de seu mandato, o presidente e seus ministros da Educação, primeiro Ricardo Vélez Rodrigues e depois Abrahan Weintraub, sempre têm dado declarações que diminuem a Educação, as instituições e os professores. Postura que se repetiu nesta semana.

No dia 11 de dezembro, em debate na Câmara dos Deputados, Weintraub seguiu seu soneto da destruição atacando as universidades, professores e estudantes ao afirmar que há plantações de maconha nas universidades e de drogas sintéticas. Argumentos que foram criticados pela oposição para quem, Weintraub, não sabe nada de educação.

O ministro perdeu uma ótima oportunidade para tratar do IGC (Índice Geral de Cursos) divulgado no mesmo dia e que mede a qualidade da educação superior brasileira no ensino público e privado. Os resultados apresentados pelo INPE mostram que 6,1% das instituições públicas municipais, estaduais e federais receberam nota máxima (5). Índice que cai para 1,5% nas instituições privadas.

Ministro diz que universidades plantam maconha. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

No Paraná, por exemplo, a UFPR teve nota máxima. Já as estaduais Universidade Estadual de Londrina (UEL), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), Centro-Oeste (Unicentro), Oeste do Paraná (Unioeste) e do Norte do Paraná (UENP) tiveram nota 4 no (IGC) de 2018, mesmo com dificuldades com falta de verbas do governo estadual.

Aliás, desde que assumiu, o ministro da Educação, assim como o do Meio Ambiente e tantos outros, parece ter a missão de devastar o ensino brasileiro, como bem lembrou a deputada Perpetua Almeida, do PCdoB, do Estado do Acre. “O ministro mal-educado exaltou a monarquia, criticou a Proclamação da República, desdenhou do Marechal Deodoro da Fonseca. A base de apoio ao Governo neste Parlamento deveria ser a primeira a pedir a demissão desse Ministro da loucura”, disse da tribuna da Câmara em novembro.

Contra Weintraub foi aprovada uma moção de repúdio, em agosto, na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados. Época em que ele ameaçava perseguir professores e estudantes que participassem ou promovessem protestos contra o governo. “o Ministro divulgou o número de telefone particular da Deputada Tábata Amaral, numa visível tentativa de constranger a ação da parlamentar”, destaca a moção. O governo Bolsonaro tem ferido a autonomia das universidades e institutos federais, nomeando interventores nessas instituições.

Modelo aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro. Em meio a divulgação dos dados de qualidade de ensino, o presidente disse que “entre as 200 melhores universidades do mundo, tem alguma brasileira? Não tem. É um vexame. O que se faz em muitas universidades e faculdades do Brasil? Faz tudo, menos estudar. Querem o quê? Qual o futuro nosso?”, desinformou o presidente que já chamou os estudantes de “idiotas úteis”.

Esta foi mais uma oportunidade perdida para exaltar o índice apontando que 68,6% das federais tiveram índice entre 4 e 5 na avaliação, 29,5% das estaduais no mesmo patamar e apenas 18,1% das privadas tiveram tão boa avaliação.

Foto: Marcos Corrêa/PR

Desinformado que é, o presidente não sabe que no QS World University Rankings 2020 quatro universidades brasileiras melhoraram sua posição em relação ao ano anterior. A estadual USP saiu da posição 118 para 116. Ou seja, dentro das “200 melhores do mundo”. A Unicamp ficou na posição de 204 em 2019. Isso sem contar na dezena de universidade públicas que estão dentro das 500 e das 1 mil melhores do mundo. Números nada ruins para um país em desenvolvimento e cujo o governo corta ou contingência recursos.

Já no continente, no “QS Latin America University Rankings 2020: Top 10“, a USP ocupa a segunda posição, a Unicamp está em quinto e a UFRJ em nono. São três representantes no topo latino americano, país com o maior número de representes nas mais “topzeiras”. E se fomos pro Top 20, sete são brasileiras, sendo seis públicas e apenas a PUC Rio privada.

Para a presidente nacional do PT, a deputada paranaense Gleisi Hoffmann, os ataques visam acabar com o ensino público brasileiro. “Não é de hoje a ofensiva às políticas públicas criadas e impulsionadas pelo PT na área da educação. O ministro Abraham Weintraub já declarou que o ensino superior privado é prioridade no governo Bolsonaro”, destacou.