Moro é candidatíssimo em 2022

No Roda Viva, ministro fugiu de perguntas sobre corrupção, Marielle e Vaza Jato





Ministro da Justiça Sérgio Moro. Foto: Roda Viva

A entrevista do ministro da Justiça, Sérgio Moro, no programa Roda Viva na última segunda-feira (20), mostrou que o ex-juiz da Lava Jato é um bobo esperto. Nas redes sociais, muitas pessoas afirmaram que a entrevista foi boa, apesar do entrevistado. As perguntas espinhosas foram feitas. Mas ele fugiu de praticamente todos os questionamentos.

Sérgio Moro não condenou os casos de corrupção do governo Bolsonaro envolvendo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais no caso dos laranjas do PSL. Também não comentou a denúncia contra Fabio Wajngarten, chefe da Secom, que estaria beneficiando suas empresas em contratos publicitários com a mídia, tampouco quis detalhar as denúncias contra o senador Flávio Bolsonaro. De paladino da moral e combatente implacável contra a corrupção, Moro limitou-se a repetir que a Polícia Federal tem autonomia e que seus comentários são feitos “para dentro do governo”.

O ex-juiz não entrou em bola dividida com o presidente, principalmente quando foi mencionado a troca de comando da Polícia Federal no Rio de Janeiro, COAF, o juiz de garantias do Pacote Anti-crime e as desavenças com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Também desviou quando perguntado se ele deu acesso ao presidente no inquérito contra Flávio Bolsonaro ou se ele interferiu na investigação dos hackers de Araraquara. Nesses temas Moro demonstrou desconforto e respostas evasivas. Realmente é difícil saber o que ele pensa o como agirá no futuro.

O ministro também se evadiu em relação a Vaza Jato, repetindo que era fruto de uma ação criminosa, que não reconhece os diálogos e que, “caso fossem verdadeiros”, não há nenhuma ilegalidade em, por exemplo, vazar a delação de Palocci há seis dias da eleição ou de orientar a promotoria nas investigações.

Sobre Marielle? Bom, agora não quer mais federalizar. Vaga no STF? Não quis comentar. Nazismo? Bobagerada, bizarro, deixa pra lá. Mas é crime, ministro. “Já dei minha opinião ao presidente”.

Sérgio Morfo é um enganador profissional. Virou político. Isso ficou claro ao não se comprometer a assinar documento afirmando que não será candidato em 2022: “Muita gente assinou e depois rasgou”. Pra quem disse que nunca entraria para a política, é uma confissão. Moro é candidatíssimo a presidente. Resta saber até quando engolirá sapos ou se espera ser exonerado para sair por cima e com apoio de seu eleitorado.