Petroleiros se acorrentam em frente a Fafen-PR para impedir paralisação da fábrica

Fechamento da unidade em Araucária provocará a demissão de mil pessoas, além de ameaçar outros 2 mil empregos indiretamente




FonteSindiquimica-PR

Foto: Sindiquima

Cerca de 20 petroleiros se mantêm na entrada da Araucária Nitrogenados S/A (Ansa/Fafen-PR), unidade da Petrobras na região metropolitana de Curitiba, desde o início da manhã desta terça-feira (21) para impedir o processo de hibernação da unidade e consequente demissão de cerca de mil trabalhadores. Após um ato que reuniu cerca de 2 mil pessoas, um grupo resolveu se acorrentar aos portões da fábrica para impedir a entrada de pessoas que participariam do processo de drenagem dos produtos da fábrica, etapa necessária para a paralisação definitiva das atividades da planta.

De acordo com Gerson Castellano, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a ocupação não tem dia nem hora para acabar. O objetivo do grupo é retardar ao máximo a drenagem dos produtos e assim pressionar a diretoria da Petrobrás a negociar com a categoria o fechamento da unidade. “Nossa mobilização quer impedir a entrada de pessoas na fábrica, impedindo também a drenagem dos produtos. Estamos recomendando a todos os trabalhadores da unidade que voltem para casa e não entrem, já que suas atividades vão colaborar para o fechamento da Fafen-PR”, disse ele.

Nessa segunda-feira (20), trabalhadores da Fafen-PR tiveram uma reunião no Ministério Público do Trabalho (MPT) do Paraná para discutir o fechamento da Ansa/Fafen-PR e a demissão em massa de 1.000 trabalhadores promovida pela Petrobrás. Entretanto, segundo Castellano, a reunião não foi produtiva, porque nenhum representante da Petrobrás participou do encontro.

Além da extinção de mil empregos na unidade, o fechamento da Ansa/Fafen-PR terá grande impacto na economia local. Calcula-se que pelo menos outros 2 mil empregos nos setores de comércio e serviços do município de Araucária e outros da região metropolitana de Curitiba estarão ameaçados.

Foto: Sindiquimica

Cálculos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep) apontam que somente Araucária, onde está instalada a Ansa/Fafen-PR, vai sofrer impacto negativo de R$ 75 milhões anuais com a demissão dos trabalhadores e a perda de suas rendas. A perda se estende também aos cofres do governo do estado do Paraná, que pode deixar de recolher cerca de R$ 50 milhões em ICMS.

O fechamento da Ansa/Fafen-PR vai aumentar ainda mais a dependência da agroindústria brasileira da importação de fertilizantes. Somada às outras duas Fafens que a Petrobrás arrendou no fim de 2019, na Bahia e em Sergipe, a unidade garantia o abastecimento de cerca de 30% do mercado brasileiro de ureia e amônia. Além de ser atualmente a única produtora de ureia do país.

Operando desde 1982, a Ansa/Fafen-PR foi adquirida pela Petrobrás em 2013. Usando resíduo asfáltico (RASF), a unidade é capaz de produzir diariamente 1.303 toneladas de amônia e 1.975 toneladas de ureia, de uso nas indústrias química e de fertilizantes. A planta também produz 450 mil litros por dia do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas. A planta ainda pode produzir 200 toneladas/dia de CO2, que é vendido para produtores de gases industriais; 75 toneladas/dia de carbono peletizado, vendido como combustível para caldeiras; e 6 toneladas/dia de enxofre, usado em aplicações diversas.