Bolsonaro culpa governadores pelo preço da gasolina e eles reagem

Preço nas distribuidoras aumentou em janeiro, segundo ANP





Foto: Rodrigo Felix Leal/ANPr

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está responsabilizando os governadores pelo preço alto da gasolina nos postos de combustíveis. Ele usou sua conta no Twitter para dizer que o governo promoveu três descontos seguidos, mas que a redução do custo não chega às bombas. Bolsonaro culpa o valor do ICMS cobrado e diz que vai encaminhar proposta ao Congresso Nacional com relação ao imposto. Contudo, em janeiro, o preço da gasolina subiu nas distribuidoras, desmentindo o presidente.

De acordo com Bolsonaro, a responsabilidade pela gasolina cara é dos governadores. “Pela 3a vez consecutiva baixamos os preços da gasolina e diesel nas refinarias, mas os preços não diminuem nos postos. Os governadores cobram, em média 30% de ICMS, sobre o valor médio cobrado nas bombas dos postos e atualizam apenas de 15 em 15 dias, prejudicando o consumidor”.

O preço ao consumidor é composto por diversos fatores. 29% é de ICMS, 15% de impostos como CIDE, PIS/PASEP e Cofins, 30% de realização da Petrobras, 14% de Custo do Etanol e 12% de distribuição e revenda.

Segundo o presidente, “os governadores não admitem perder receita, mesmo que o preço do litro nas refinarias caia para R$ 0,50 o litro”. No entanto, ele não comentou que a política de preços da Petrobras é definida pelo Governo Federal. O modelo adotado por Michel Temer (MDB) e mantido por Bolsonaro atrela o preço do petróleo ao mercado internacional, encarecendo o custo aos brasileiros.

“Os preços para a gasolina e o diesel vendidos às distribuidoras têm como base o preço de paridade de importação, formado pelas cotações internacionais destes produtos mais os custos que importadores teriam, como transporte e taxas portuárias, por exemplo. A paridade é necessária porque o mercado brasileiro de combustíveis é aberto à livre concorrência”, explica a Petrobras, controlada por Bolsonaro.

Ou seja, embora o custo de produção nacional possa seja menor do que o mercado externo, ele é mais caro para garantir a entrada de petróleo externo, prejudicando os brasileiros.

Já a redução de preços mencionada pelo presidente não se reproduz nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em levantamento feito pelo DIEESE-PR. O preço mínimo encontrado nas distribuidoras brasileiras no começo do ano foi de R$ 3,540. Já o máximo bateu R$ 4,796. No Paraná, na mesma época, as distribuidoras venderam por R$ 3,799 no mínimo e R$ 4,231 no máximo. O preço mais alto nos postos, neste período, foi de R$ 4,78.

Preço subiu no mês de janeiro, segundo dados da ANP

Três semanas depois, no fim de janeiro, só foram registrados aumentos nas distribuidoras e, consequentemente, nos postos. Entre 26 de janeiro a 2 de fevereiro, a gasolina saiu da Petrobras por R$ 3,6 no mínimo e R$ 5,004 no preço máximo. No Paraná, o maior valor foi de R$ 4,231. No estado, a cidade com a gasolina mais cara nos postos foi Londrina, chegando a R$ 4,89 no começo de fevereiro.

Governadores criticam Bolsonaro

23 governadores, entre eles Ratinho Junior, do Paraná, criticaram o presidente por responsabilizar eles pelo custo da gasolina vendido aos consumidores. Em nota, eles dizem que o Bolsonaro lida de forma irresponsável com os números e dados e visa apenas a agradar seu eleitorado.

“O debate acerca de medidas possíveis para o atingimento deste objetivo deve ser feito nos fóruns institucionais adequados e com os estudos técnicos apropriados”, diz a carta.

Os governadores ainda explicam que o ICMS é uma das principais fontes de arrecadação para as políticas públicas e que parte do valor é repassado para os municípios. Atualmente, 11,26% do ICMS arrecadado no Paraná, por exemplo, vem de recursos da Petrobras. É a segunda maior arrecadação, ficando atrás apenas da Copel.

Em seguida, os governadores criticaram o governo federal que não sugere reduzir os impostos que ele controla. “Nos últimos anos, a União vem ampliando sua participação frente aos Estados no total da arrecadação nacional de impostos e impondo novas despesas, comprimindo qualquer margem fiscal nos entes federativos”.