PIBinho de Bolsonaro murcha e fica em apenas 1,1%

Mercado erra novamente a projeção e resultado é o pior do que dois anos anteriores





Bolsonaro deu prazo para o ministro da Economia, Paulo Guedes, retomar o crescimento. Foto: Isac Nóbrega/PR

O PIB de 2019 foi decepcionante. Apenas 1,1%. O resultado é pior do que em 2017 e 2018 e frustra as projeções do mercado financeiro, que sonhou com Produto Interno Bruto chegando a 2,5% no ano. Também desanima o Governo Federal com a desaceleração após um terceiro trimestre positivo. O recuo do PIB ainda mostra que a aprovação da Reforma da Previdência não trouxe o otimismo e crescimento econômico dos que defendiam essa tese.

De acordo com Boletim do IBGE, o PIB fechou o ano em R$ 7,3 trilhões. O resultado de 1,1% é inferior aos dois anos anteriores, quando bateu 1,3% O PIB cresceu 0,5% no 4º trimestre de 2019 na comparação com o trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal). A Indústria e os Serviços apresentaram variação positiva de 0,2% e 0,6%, respectivamente, enquanto a Agropecuária recuou (-0,4%).

Os índices são muito inferiores aos projetados pelo mercado financeiro e Banco Central no começo do ano passado. O boletim Focus, que mede a expectativa dos analistas do mercado, apontava para um crescimento de 2,53% com pico de até 3,13%.

Fonte: Guilherme Magacho

Projeções equivocadas
Para o economista do DIEESE, Fabiano Camargo, o excessivo otimismo dos “especialistas do mercado” não se concretizou. “As expectativas foram se deteriorando ao longo do ano, chegando a ficar abaixo de 1%, mas que passaram a se elevar lentamente após as medidas de estímulo, nem um pouco liberais diga-se de passagem, como a liberação dos recursos do FGTS (principalmente) ou mesmo a redução da taxa de juros”, avalia.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) também jogava o PIB brasileiro para mais do que o dobro da realidade atingida. No relatório Perspectiva Econômica Global, um dos fatores deste crescimento seria justamente a reforma da previdência.

“No Brasil, a reforma do sistema de aposentadorias é um passo essencial para garantir a viabilidade do sistema de segurança social e apoio à justiça pública. É necessário reformar gradualmente a consolidação fiscal para acumular o gasto residual constitucional em
próximos anos”, expôs o Fundo.

O FMI ainda orientou o país a seguir fazendo reformas para voltar a crescer. “Para estimular o potencial de criação, o governo tem que promover ambicioso programa de reforma, que inclui tributárias, cobertura comercial e infraestrutura”, receitou.

As projeções ainda apostaram em dólar a R$ 3,80 no fim de 2019. Atualmente, o dólar está em R$ 4,51. O economista Fabiano Camargo acredita que a receita do mercado e do governo é equivocada.

“Do ponto de vista dos empresários, estes só investem se houver expectativa de vender mais, lucrar mais, só assim vão vender mais e contratar mais trabalhadores. As reformas que foram feitas e as que estão projetadas são recessivas, como exemplo, a própria reforma da previdência que dificulta e inibe o acesso dos trabalhadores aos
benefícios e a renda será reduzida”, crítica.

Murchou
O crescimento do PIB no 4° trimestre de 2019 em relação ao 3° trimestre de 2019 (0,6%), foi menor do que o 3° sobre o 2° trimestre (0,5%). Resultado de uma política econômica não comprometida com a geração de empregos e renda. “Só haveria uma forma de estimular a economia, seria o governo gastando mais, investimento mais, como estão fazendo diversos países mundo afora, porém, infelizmente o que se observa é o contrário, temos um governo com uma pauta extremamente liberal (ultraliberal), de redução de gastos, de cortes de investimentos inclusive em áreas essenciais”, conclui Camargo.