A esquerda não deveria cancelar seu ato?

Bolsonaro desmobilizou sua base; centrais mantêm alerta os sindicatos





Foto: Minsa

Pandemia. Paranoia coletiva. O coronavírus definitivamente mudou o cotidiano das pessoas mundialmente. De mera “gripe mais forte” ao potencial de derrubar bolsas de valores no mundo inteiro, o vírus virou o tema do momento na saúde, na economia e na política. Evidentemente, o Brasil não ficaria imune aos fatos e especulações. 

A chegada do vírus ao país, atingindo o secretário de comunicação do Governo Federal e o anúncio público do presidente dos EUA, Donald Trump, fechando vôos europeus ao seu país obrigou o presidente Jair Bolsonaro a mudar sua postura. Do desdém à máscara respiratória foi um pulo. Quase um espirro. A decisão de não mais incentivar os protestos do dia 15 de março contra o Congresso Nacional e o STF pode ter sido motivada por uma precaução de saúde pública. O governo convocou 5 mil profissionais do Mais Médicos e liberou o 13o dos aposentados. Remédios para a pandemia e crise financeira. 

Mas o anúncio desestimulando os atos pode ter como pano de fundo a falta de mobilização dos movimentos de extrema direita. O presidente saiu da negativa de que havia convocado os “atos espontâneos” pelo Whatsapp para o convite em Roraima, nos EUA e até na conta da Secretaria de Comunicação no Twitter. Até em fraude nas eleições ele “tossiu” para ver se contaminava o ânimo dos manifestantes. No entanto, parece que o coronavírus virou uma desculpa perfeita para desmobilizar os já desmobilizados bolsonaristas.

Em live, presidente recuou na convocação dos atos do dia 15. Foto: Reprodução Facebook

Imune a isso, a esquerda ainda mantém os atos programados para o dia 18 de março. As centrais debateram o assunto, reconhecem a sua gravidade, mas querem esticar corda até o fim para pressionar o governo a colocar em quarentena a reforma administrativa, a Medida Provisória (MP) 905, o Contrato Verde e Amarelo e decisões do governo que contaminam áreas como a saúde e a educação.

“Estamos em estado permanente de avaliação e diariamente vamos sentar e conversar sobre a evolução do quadro e tomar as medidas que forem necessárias”, disse o presidente da CUT, Sérgio Nobre. Quando este ato foi convocado, a esquerda já havia recuado de um pedido de impeachment do presidente por estimular um “golpe brando” contra o Congresso. Os atos do dia 18 são puxados majoritariamente por setores da educação e pelo funcionalismo público. No site da APP Sindicato, maior entidade do Paraná, a programação está mantida para a Praça Santos Andrade, a partir das 09 horas.

As centrais e sindicatos devem conversar intensamente neste fim de semana e na segunda-feira. É necessário sair do deboche com o mico que Bolsonaro e a extrema direita passam neste episódio para a prudência e o zelo com a saúde das pessoas. Eventos particulares e esportivos estão sendo cancelados no mundo inteiro. NBA, Libertadores da América, Champions League, Lollapalooza, lançamentos no cinema como o milionário “007 – Sem tempo para morrer”, entre outros. Pandemia ou paranoia coletiva, pouco importa neste momento. O coronavírus foi da China aos EUA. Ele pode pegar qualquer um, independente de posição política.