MPT do Paraná e mais de 270 entidades reforçam necessidade de isolamento social a prefeitos e governo do estado

Em nota, organizações lamentam reabertura do comércio e alertam para possível caos no sistema de saúde





Parque Tanguá. Foto: Daniel Castellano/SMCS

Uma nota conjunta assinada pelo Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR), mais de 270 entidades sindicais e organizações sociais recomenda que os municípios e o governo do estado mantenham as medidas de isolamento social para o combate da Covid-19 nos próximos dias. A nota se baseia em recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde e outras entidades científicas. Sem o isolamento social, “7 bilhões de pessoas podem ser infectadas com COVID-19 e 40 milhões de mortes neste ano”, destacam. As entidades ainda alertam para o risco de colapso do sistema de saúde se for relaxada as medidas de segurança e o comércio reabrir.

No documento entregue a prefeitos e ao governador Ratinho Junior (PSD), o MPT-PR e as entidades reforçam que é necessário respeitar todas as recomendações técnicas pelos próximos meses para analisar o crescimento da curva no Brasil e o impacto de medidas já adotadas. Para isso, é imperativo intensificar as estratégias de isolamento para conter o aumento da pandemia, assim como garantir tempo para organização e redimensionamento do nosso sistema de saúde.

O Ministério da Saúde tem informado que as próximas semanas serão as mais críticas para a transmissão da Covid-19. Por outro lado, tem acontecido incentivos públicos, entre eles, do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para encerrar o isolamento social. Segundo a Margaret Matos de Carvalho, procuradora chefe do MPT-PR, a nota visa alertar as autoridades pela continuação das medidas de segurança.

“Muitos municípios do interior já estão permitindo a abertura do comércio. Até em Curitiba, quando a gente anda pelas ruas, se percebe muita coisa aberta. Estamos próximos de um desastre e as pessoas se comportando como se nada tivesse acontecendo”, lamenta.

O Brasil vem apresentando curva ascendente no contágio e nas mortes. O país já é o 14o país em casos confirmados, com 14275 casos, e o 13o em relação a óbitos, entre os 184 países que têm registro de infectados. Apenas na segunda-feira (7) foram contabilizados 1661 novos casos registrados  e 114 óbitos. O país já contabiliza 800 mortos com os dados atualizados no dia 8 de abril. 

A medida que aumentam os casos, diminui a oferta de leitos em um país que não testa massivamente. As entidades alertam que  até que o suprimento de equipamentos (leitos, EPI, respiradores e testes laboratoriais) estejam disponíveis em quantitativo suficiente, de forma a promover, com segurança, a transição de distanciamento social seletivo.

Tradicional palco do futebol brasileiro, o estádio do Pacaembu se transformou em um hospital com 200 leitos de baixa complexidade para auxiliar no combate ao Coronavírus. Sérgio Souza/Fotos Publicas

No Paraná, sustenta a nota, a grande maioria dos municípios ainda aguarda a chegada de equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas e aventais, além de aparelhos hospitalares, como respiradores mecânicos.

“O principal problema é que o sistema de saúde não está preparado para receber o número de adoecidos que se prevê. É necessário diminuir a velocidade do contágio para que a saúde consiga atender todo mundo. O ponto principal é: os governos não podem retroceder e devem seguir as orientações da OMS”, direciona a procuradora Margaret Matos de Carvalho.

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Greca e Ratinho se encontram com Ministério Público e debatem pandemia

Foto: Daniel Castellano / SMCS

O governador do Paraná Ratinho Junior (PSD) e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM) participaram da posse da posse do novo procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia. Eles destacaram a atuação do MP-PR diante da pandemia do novo coronavírus. O órgão tem disponibilizado orientações aos municípios para manutenção do isolamento social e cuidados com as populações mais vulneráveis.