STF suspende nomeação de amigo de Bolsonaros para diretoria geral da PF

Alexandre Moraes citou pronunciamento de Sérgio Moro sobre interferência política na PF





Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, suspendeu a posse de Alexandre Ramagem para assumir a diretoria-geral da Polícia Federal. Ramagem é amigo de Carlos Bolsonaro, que possivelmente é investigado por fake news e estimular atos contra o Congresso Nacional e o STF. Ele foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro ontem (28) em episódio que levou o ex-juiz Sérgio Moro a pedir exoneração do Ministério da Justiça por interferência política na PF.

O pedido de suspensão da nomeação foi feito PDT em mandato de segurança coletivo. No pedido, o partido alega que a nomeação “revela flagrante abuso de poder, na forma de desvio de finalidade”. Ramagem teria sido indicado para frear investigações que recaem sobre a família Bolsonaro e ainda investigar adversários políticos do clã, segundo o ex-ministro Sérgio Moro.

Na decisão, Alexandre Moraes que conduz as investigações contra ataques ao STF e fake news, citou o pronunciamento de Moro e as conversas dele com a deputada Carla Zambelli (PSL) sobre nomeação ao STF.

“Por favor, ministro, aceite o Ramagem. E vá em setembro pro STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer JB prometer”, disse Zambelli em diálogo reproduzido na decisão de Moraes. O ministro já havia determinado que os membros da PF não fossem substituídos em investigação sobre as fake news.

Moraes, ao suspender a nomeação, disse “estarem presentes os requisitos necessários para a concessão da medida liminar pleiteada  inclusive, à própria nomeação futura do comando da Polícia Federal, e o periculum in mora correspondente à irreparabilidade do dano,
em virtude de a posse do novo Diretor-Geral da Polícia Federal estar agendada para esta quarta-feira”.