Vídeo: Um silêncio que salva

Coletivo de mulheres chama atenção para a escalada de violência doméstica durante a pandemia e o isolamento social





O vídeo abaixo não tem áudio. Isso é proposital. Assista e entenda o por quê.

 

 

Inspirado na iniciativa do MoviELAS, coletivo que reúne profissionais das áreas de som e imagem do audiovisual do Distrito Federal, e diante da escalada da violência doméstica e familiar contra as mulheres com o isolamento imposto pela pandemia do novo coronavírus – segundo os dados da Polícia Militar, foi registrado um aumento de 15% nas denúncias nesse período na capital do Paraná -, um grupo de mulheres de Curitiba também criou e está divulgando um vídeo silencioso para ajudar as mulheres em situação de violência na cidade. O material copia praticamente toda a sequência do conteúdo formulado pelas mulheres do DF, mas adapta as informações dos contatos da rede de atenção voltada às moradoras da cidade de Curitiba.

No último domingo (3), quando circulou nas redes sociais o vídeo original, o grupo de curitibanas logo percebeu a importância daquele trabalho, a praticidade de montar e a urgência de espalhar uma informação tão necessária para a proteção da vida das mulheres. Espontaneamente, elas se prontificaram a fazer igual. Montaram seus cartazes, suas fotos, editaram e publicaram o vídeo em três dias. Tudo sem sair de casa. Agora, contam com a solidariedade da comunidade para espalhar esse conteúdo e fazer com que a mensagem chegue onde mais precisa: dentro dos lares ameaçados, ofendidos e agredidos por essa violência.

Elas assinam a iniciativa de “#TMJ, uma ação espontânea e voluntária de mulheres que se importam“. Nas fotos, rostos e atitudes de amigas também de outras cidades do Paraná e do próprio Distrito Federal. O grupo reúne profissionais liberais, jornalistas, servidoras públicas, enfermeiras, artistas populares, educadoras, estudantes e ativistas sociais. Quem também encampou a ideia, como convidada para emprestar “seu cartaz” a essa importante ação das curitibanas, foi a ex-secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República entre os anos de 2010 e 2016, Aparecida Gonçalves, residente em Campo Grande, MS, que ainda é muito engajada na pauta. O vídeo mostra mulheres em diversas faixas de idade: “Todas jovens, umas há mais tempo que as outras”, comentam, para reforçar o fato de que essa bárbara e covarde violência não escolhe outro fator nas vítimas, senão o fato delas serem mulheres.

As informações sobre os telefones e contatos de urgência para as mulheres buscarem socorro na rede de atenção de Curitiba foram extraídos das postagens institucionais da Casa da Mulher Brasileira, centro integrado de serviços públicos voltados a esse enfrentamento, que funciona com acolhimento 24h desde que foi inaugurada em 2016. A ideia do coletivo do DF também está inspirando a iniciativa de outra curitibana, residente hoje no estado de Rondônia, que também prepara uma versão adaptada à realidade local.

O vídeo silencioso é a forma ideal de levar a informação até a mulher que sofre a violência doméstica e familiar e que está, nesse ambiente de pandemia, isolada em casa com seu agressor, sem poder fazer a denúncia e ser flagrada enquanto conversa com os atendentes dos serviços de proteção. Também incentiva vizinhos, amigos e parentes a denunciarem as agressões e socorrerem as mulheres antes que seja tarde demais.

Um silêncio que salva e que quebra com o outro silêncio, o que permite ferir e matar.

Mulheres
Lorena Aubrift Klenk
Sandra Barbosa
Thea Tavares
Lêda Klenk
Adriana Claudia Kalckmann
Victória Reneé Kalckmann
Susi Monte Serrat
Simone Belkis
Anaís Monte Serrat Magalhães
Josy Grossklaus
Christina Bittencourt
Aparecida Gonçalves
Lívia Maciel Faleiro
Marina Tavares Faleiro
Raquel Meira
Denise Soares
Giuliana Teles
Claudia Sória
Alessandra Consoli
Gléri Mangger
Beatriz Werner Nogarotto
Adriane Werner
Eliane Bueno
Manuela Bittencourt Kuerten
Ana Carolina Carneiro
Juliana Escher
Maria Julia Escher Skowronski
Islany Silva

Agradecimentos adicionais
Cíntia Bruno
Juh Moraes (Montagem) – www.juhmoraes.com
Casa da Mulher Brasileira de Curitiba
MoviELAS (Inspiração).