MST faz doação de 10 toneladas de alimentos no Oeste do Paraná

Arrecadação de assentamentos e acampamentos fez parte do lançamento do Plano Emergencial de Reforma Agrária





Foto: Diangela Menegazzi

Nesta sexta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou o Plano Emergencial de Reforma Agrária Popular. O lançamento foi marcado por atividades em 21 estados do Brasil, com o plantio de mudas, doação de sangue, atos de rua simbólicos e doações de toneladas de produtos e alimentos sem veneno.

No Paraná, as atividades concentraram-se em Cascavel, no Oeste, com a doação de 10 toneladas de alimentos. A doação foi arrecadada por famílias assentadas e acampadas na região. As entregas foram ao Abrigo de idosos São Vicente de Paula; ao Hospital de Câncer (Uopecan) e para famílias em situação de vulnerabilidade no bairro Interlagos, na periferia da cidade.

Todos os alimentos foram organizados e distribuídos em cestas montadas com variados itens doados; como o fubá agroecológico, produzido com o milho do lote de acampados; abóbora; mandioca; batata doce; cenoura; laranjas; milho verde; pão; verduras em geral e produtos da cesta básica.

“Essas doações vieram de vários assentamentos e acampamentos da região. As famílias receberam uma cesta completa com produção do MST. Essa é a terceira vez que o movimento faz esse tipo de ação na região durante a pandemia”, comenta Geni Isabel Teixeira, moradora do Assentamento Valmir Mota, em Cascavel, que participou das entregas.

Segundo Roberto Baggio, da coordenação nacional do MST no Paraná, o Plano é uma ferramenta de superação da crise alimentar em meio à pandemia, já que prevê o abastecimento do mercado interno e a garantia de alimentação e comida sem veneno para a população do campo e da cidade.

“Nós temos um problema agrário estrutural. Quando chegaram os europeus com seu modelo de agricultura, nasce a grande propriedade da terra, com modelo de monocultura, só alguns tipos de produtos, destruindo a biodiversidade existente. Tudo que se produzia ia para o mercado internacional. Precisamos democratizar a terra para que ela possa chegar nas mãos dos agricultores para produzir comida e gerar milhões de empregos”, disse Baggio, em live de lançamento do Plano.

O Plano Emergencial é dividido em quatro pilares. Terra e Trabalho: com foco na democratização do acesso à terra. Produção de Alimentos Saudáveis: exigência da destinação de recursos para assegurar o PAA e o PNAE durante o distanciamento social e a implantação de um plano nacional de agroecologia. Condições de Vida Digna no Campo: com o objetivo de assegurar que toda família tenha acesso à educação, saúde, trabalho, renda e moradia e, por fim, Proteger a Natureza, Água e Biodiversidade: zelar pela preservação do meio ambiente e de todos os biomas, apoiando programas de plantio de árvores e estimulando as agroflorestas para garantir diversidade, fartura de alimentos.
Apesar do caráter emergencial do Plano, Baggio reforça o objetivo da Reforma Agrária Popular. “Precisamos de medidas emergenciais para garantir a alimentação neste momento, mas logo em seguida, queremos enfrentar a construção de um novo modelo agrícola. Passando a pandemia, que cresça a luta popular na rua, para superarmos esse momento trágico deste governo”.