Manifestantes voltam as ruas de Curitiba contra o racismo e governo Bolsonaro

Segundo ato "Vidas negras importam", neste domingo (7), ocorreu sob um forte esquema policial





Segundo ato "Vidas Negras Importam", em Curitiba. Foto: Júlio Carignano

Diversas manifestações tomaram novamente as ruas de várias capitais do país neste domingo (7). Convocados por coletivos, movimentos sociais e grupos antifascistas, os atos tiveram como pautas a defesa da democracia, a luta contra o racismo, o fascismo, a violência policial e o governo Bolsonaro. Em Curitiba, foi realizado o segundo ato “Vidas Negras Importam/Fora Bolsonaro”. A concentração ocorreu na Praça Santos Andrade e foi seguida de uma caminhada pelo centro da cidade.

A manifestação na capital paranaense ocorreu sob forte aparato policial. Todos os participantes tiveram que passar por revistas pessoais em barreiras montadas pela tropa de choque da PM nas quadras próximas da praça. Mastros de bandeiras foram recolhidos por policiais e até mesmo a quantidade de álcool gel que cada manifestante carregava era controlado. Um helicóptero da corporação sobrevoou o ato, a cada quadra da extensão central da avenida Marechal Deodoro havia uma viatura com pelo três ou quatro policiais fortemente armados, e a caminhada foi acompanhada pela Cavalaria da PM.

Todo esse aparato chamou a atenção dos manifestantes que compararam aos esquemas montados pela polícia durante atos convocados por bolsonaristas em Curitiba. “Nas carreatas que fazem, a polícia está lá simplesmente para protege-los. Nas nossas eles estão para vigiar, para nos constranger. Eu vim aqui com medo e estou com medo de como será minha volta para casa”, disse a estudante negra Natasha Silva, do coletivo Rebeldia. A jovem afirmou que, apesar das intimidações, é fundamental estar nas ruas. “O movimento negro precisa se organizar junto à classe trabalhadora”, acrescentou.

Everton Rocha, estudante negro de engenharia, destaca que a população negra busca equidade. “Não queremos ‘igualdade’, queremos ‘equidade’. Estou cansado de discursos que não me representam. Estou cansado de ser um recorte da luta dos outros”, afirmou. “A gente morre por bala, a gente morre por insulto, a gente morre por baixa estima. A luta antirracista precisa ser prioridade. Escutem as pessoas negras”, acrescentou Vitória, também estudante negra universitária.

Os atos do domingo ocorreram em meio a pandemia do coronavírus que já matou mais de 34 mil pessoas no país. A crise sanitária também foi lembrada pelos manifestantes. Apesar de reconhecerem a importância do isolamento social, apontam também a necessidade da luta contra a escalada do racismo e a opressão no país. “Gostaria de estar em casa de boa, mas nós, negros, nunca estamos de boa em casa. O João Vitor morreu dentro de casa”, recordou Everton Rocha.

Em menor número, bolsonaristas também foram as ruas neste domingo (7) em algumas capitais. Em São Paulo, por exemplo, um grupo de 50 pessoas foi as ruas pedir o fechamento do STF, do Congresso e intervenção militar. Em Curitiba, não houve registro de manifestações em favor do presidente.