Demissões e crescimento do EAD são imposições da Cruzeiro do Sul à Universidade Positivo

Sinpes denuncia demissões sumárias e reduções de salários desde que gigante paulista comprou a Universidade Positivo




FonteAscom Sinpes

Imagem: Reprodução site UP

Apenas um semestre foi suficiente para mostrar o quanto a mercantilização do ensino, promovida por grandes conglomerados educacionais, é prejudicial para professores e estudantes. No fim do ano passado, Curitiba recebeu com surpresa e certo deslumbre a chegada de dois gigantes da educação privada: O Grupo Ânima (que comprou o Unicuritiba) e a Cruzeiro do Sul Educacional (que comprou a Universidade Positivo). Porém, poucos meses sob as novas administrações foram suficientes para afetar gravemente a comunidade acadêmica em ambas as instituições.

Desde a chegada dos grupos empresariais na capital paranaense, o Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Curitiba e Região Metropolitana (Sinpes) tem recebido uma série de denúncias de professores da Universidade Positivo (UP) sobre demissões sumárias de coordenadores, diminuição de carga horária letiva, não pagamento de direitos como o adicional noturno e reformulações das matrizes curriculares de vários cursos com o objetivo único de diminuição da carga horária dos mesmos, com vedação expressa de não se ultrapassar o limite mínimo estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Ministério da Educação (MEC), o que não garante cursos de qualidade.

Segundo o sindicato, coordenadores de cursos teriam sido demitidos nesta quarta-feira (1º) por meio de reuniões remotas de não mais de cinco minutos. Uma das demitidas foi a coordenadora do Curso de Biologia da UP, professora Ana Meyer. Sua demissão gerou revolta entre estudantes. O Centro Acadêmico de Ciências Biológicas (CacBio) emitiu uma nota de repúdio contra a demissão da coordenadora. Em um trecho da nota os acadêmicos destacam que “sabemos que esta demissão da Professora Ana se configura como um ato vilipendiador do respeito à comunidade acadêmica, que não poderá passar em silêncio, nem pode ser aceito e nem seguir somente as linhas dos caminhos puramente jurídicos”, dizem os estudantes.

Outra demitida foi a professora Solange Fernandes, que ajudou a implementar o curso de Serviço Social (na modalidade semipresencial) na UP nas unidades de Curitiba e Pato Branco, no sudoeste do Estado. A docente foi contratada com 12 horas/aula, sendo oito em sala de aula e 4 como apoio técnico. Ela destaca que, depois que a Cruzeiro do Sul comprou a Positivo, seu salário e o de outros professores foi reduzido. “Eu recebia R$ 2,400 por mês e no início de 2020 meu salário caiu para R$ 1,040. A Cruzeiro do Sul justificou que a perda de renda era por causa da diminuição da minha carga horária, algo do qual eu não tinha sido sequer avisada”, conta.  Depois da diminuição da carga horária veio o desligamento. “Tudo que tem acontecido na Universidade Positivo depois que ela foi comprada pela Cruzeiro do Sul tem deixado toda a comunidade acadêmica muito impactada. Desde as demissões até as mudanças curriculares, tudo encaminha a Positivo para exclusivamente oferecer cursos na modalidade EAD”.

Além das demissões, que segundo os professores e professoras da Positivo podem chegar às centenas nas próximas semanas, as horas de trabalho dos professores têm sido cortadas pela Cruzeiro do Sul que suspendeu inclusive projetos de extensão e projetos de ensino como forma de economia. A denúncia encaminhada ao Sinpes destaca uma diretriz de redução de custos de operação da ordem de no mínimo R$ 3 milhões por mês, em grande parte advinda da folha de pagamento.