Educadores e pais resistem ao retorno das aulas presenciais

Escolas particulares forçam a retomada das atividades em sala, mas governo não anuncia





Foto: SEED

As medidas de flexibilização do isolamento social criam uma tensão na educação. Com quase tudo reaberto, educadores, governos e escolas particulares travam uma batalha em torno do retorno das aulas presenciais. As aulas no ensino infantil, fundamental e médio, assim como as universidades, foram uma das primeiras atividades suspensas por causa da pandemia, ainda em março. Até aqui apenas 9 estados definiram uma data para volta às escolas.

A Secretaria de Educação do Paraná estava realizando reunião com profissionais, poder público e sindicato da categoria ao longo do mês de julho para planejar o retorno das atividades presenciais. Um anúncio sobre a data estava previsto para ser feito no último dia 28. Contudo, conforme a reportagem apurou, o Governo do Estado recuou diante de pesquisas com pais criticando a volta neste momento em que a pandemia atinge 2,5 milhões de contaminados e 90 mil mortes. O governo retomou o Aula Paraná após o fim do recesso escolar. Já em Curitiba, a prefeitura anunciou que as aulas presenciais ficam suspensas até 31 de agosto, dando esperança para que as escolas reabram no mês de setembro.

Os educadores, principalmente do funcionalismo público, resistem a retomada da aula presencial na atual conjuntura. A APP-Sindicato destaca que a preocupação e a defesa pela saúde e segurança de todo é mais importante que qualquer tentativa de retorno. “Nós indicamos que não há previsão de retorno nesse ano, pois as condições que vão dizer isso são sanitárias e epidemiológicas – e ainda não as temos”, conta a secretária da APP, Walkiria Mazeto, que participou de reuniões com o Governo do Estado.

Lobby para reabrir
A  Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) é uma das organizações que está forçando o retorno das aulas presenciais. A entidade até lançou um mapa sobre em que condições os estados definem o retorno. De acordo com o levantamento, apenas nove estados já marcaram data para aulas presenciais. Em São Paulo, a data proposta é 8 de setembro. Apenas Amazonas autorizou a retomada em 6 de julho. Já o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio de Janeiro (Sinepe-Rio) lançou vídeo pedindo o retorno das aulas presenciais. A entidade até lançou um protocolo em 13 de julho para que as escolas façam adaptações para as aulas presenciais. O Rio de Janeiro tem 161 mil casos confirmados e 13 mil mortes.

Paraná suspende novas matrículas de cursos profissionalizantes
A Secretaria de Educação do Paraná decidiu suspender novas matrículas para o ensino profissionalizante. O argumento é de que a pandemia impede as aulas presenciais. O deputado estadual Tadeu Veneri (PT) questiona a decisão. O governo “não pode continuar fechando portas para os jovens que querem se aperfeiçoar. Muitos (cursos e disciplinas) podem ser feitos de forma remota. O importante é não interromper a formação profissional desses estudantes”, apoia.