Bradesco e Santander têm lucros sólidos em meio a pandemia

Embora margens tenham recuado, bancos até comemoraram crescimento da margem financeira com clientes e redução das despesas operacionais





Foto: Divulgação Bradesco

No Brasil, setores como comércio, varejo e construção tiveram grandes perdas com a pandemia de coronavírus. Os bancos querem surfar essa onda, demonstrando queda nos lucros em comparação a 2019. No entanto, o balanço mostra que o setor segue registrando que seu transatlântico segue atravessando sem muitos abalos o maremoto que o mundo vive. Veja neste FIO DA MEADA.

UM POUCO MENOS | Ainda antes da pandemia, bancos como Itaú já apresentavam aquele “problema” de lucrar menos do que o esperado. Manchetes como “Lucro do Itaú despenca 43% no primeiro trimestre de 2020, para R$ 3,912 bilhões” faziam parecer que o banco poderia operar perto do vermelho.

ERA O CAOS | Diante do quadro de quebra de empresas, pequenos comércios e demissões, eles diziam: “Coitados da gente, estamos ganhando tão pouco”. O Bradesco, por exemplo, teve um tombo de 39,8%. Aí você olha e os caras tem faturamento líquido de R$ 3,7 bilhões nos três meses deste ano.

LASTIMÁVEL |  A situação realmente é de dar pena. Os cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander) lucraram juntos R$ 18 bilhões no 1º trimestre de 2020, segundo o DIEESE. Ah, perderam 27,5% em relação a 2019. Mesmo assim, isso equivale a todo o valor investido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.

DÓ DA FORMIGA | Então, vamos comparar. Segundo o IBGE, “entre 2,8 milhões de empresas em funcionamento na segunda quinzena de junho, 62,4% perceberam impactos negativos decorrentes da crise do novo coronavírus em suas atividades”. Isso é tombo.

ISSO É TOMBO II | Enquanto banqueiros reclamam na queda dos lucros, “a taxa de desocupação subiu para 13,1% na quarta semana de junho, em relação à semana anterior. Isso corresponde a 12,4 milhões de pessoas desocupadas. Essa é a maior taxa desde o início de maio”.

ISSO É TOMBO III | Enquanto entre 1,3 milhão de empresas na primeira quinzena de junho encerraram atividades temporária ou definitivamente por causa as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, o Santander teve crescimento do lucro de 10,6% na comparação com o ano anterior.

IMUNIZAÇÃO | Aí você pensa: bem, no meio da pandemia, as coisas vão piorar para eles. É o que vai aparecer no balanço semestral (#sqn). Segundo a Contraf/CUT, o banco Santander obteve um Lucro Líquido Gerencial de R$ 5,989 bilhões no 1º semestre de 2020.

EFEITO COLATERAL | “Não podemos deixar de observar que, apesar de o banco ter dito que houve queda de crescimento, não foi registrado prejuízo, mas sim um lucro de quase R$ 6 bilhões”, diz a Contraf. E o resultado poderia ser ainda maior se o banco não tivesse aumentado em 63% as provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD).

LUCRO X EMPREGOS | Agora, o Bradesco lucra 7,626 bilhões no 1º semestre de 2020. Ah, é uma queda de 40%, em relação a 2019, mas também é crescimento de de 3,2% na comparação com o 1º trimeste. O banco reduziu 2.411 postos de trabalho em doze meses e fechou 414 agências.

CHORANDO… | Sabe o que diz o banco? “Entendemos que essa provisão reflete nossa melhor estimativa de perda, até que se tenha uma visão mais clara do cenário futuro. Observamos crescimento da margem financeira com clientes, redução das despesas operacionais (pessoal e administrativas) nos períodos e crescimento nas receitas de prestação de serviços em relação ao 1T19”. Ruim, né.