Com mais de 100 mil mortes, Bolsonaro surfa em cima do auxílio emergencial e melhora sua avaliação

Prisão de Queiroz e mudança de tom também favoreceram o presidente





Foto: Alan Santos/PR

3,2 milhões de contaminados no Brasil por covid-19. 105 mil mortes. Fabrício Queiroz sendo preso novamente. Recorde de desemprego passando de 13 milhões e podendo chegar a 23 milhões por conta das pessoas que desistiram de procurar trabalho. PIB recessivo. Choque com STF e fake news. Mesmo com todos esses números negativos, a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) melhorou e a sua rejeição diminuiu. O porquê disso vamos ver neste FIO DA MEADA.

MELHOROU | A última pesquisa Data Folha, realizada em junho, quando o presidente Jair Bolsonaro estimulava as pessoas a furarem o isolamento social e a usar cloroquina, seus números apresentavam 32% de ótimo e bom. Agora, no levantamento mais recente, sua avaliação subiu para 37%.

RECUOU | Além disso, a rejeição do presidente caiu de 44% de junho para 34% na mais recente pesquisa. Já o índice de regular ficou em 23%. De acordo com o Data Folha, os empresários (58%) são os que melhor avaliam Bolsonaro. Já os estudantes (56%) e os pretos (48%) o consideram ruim.

ELE, SIM | Entre as mulheres, antigas adversárias do presidente, registraram 39% de rejeição ao presidente.

SURFOU A ONDA | Alguns fatores podem ser atribuídos a melhora da imagem de Bolsonaro e a queda na rejeição. Dois deles são o auxílio emergencial de R$ 600 para a população mais pobre e a mudança de tom do presidente após a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz. Bolsonaro melhorou sua avaliação no nordeste.

200tinho | Curiosamente, a Oposição contribuiu com o presidente na melhora de sua imagem. Coube a ela subir o valor do auxílio emergencial de R$ 200, como defendia Bolsonaro e Guedes, para R$ 600. Agora, o presidente que já pensava em interromper a ajuda, pode mantê-la até o fim do ano.

RENDA BRASIL | Outra medida que surtirá efeito para Bolsonaro é transformar o Bolsa Família em um programa com mais dinheiro para os pobres. Ele adota a agenda da esquerda e abandona a contenção de gastos. Algo normal para quem se aliou ao Centrão.

O CÉU É O LIMITE | O presidente já vê com bons olhos furar o teto de gastos, pauta da esquerda desde o início da pandemia, dando as costas para o radicalismo econômico liberal. Em sua ‘live’, disse: “A ideia de furar o teto existe, qual o problema”. E, no seu jeitão, clamou patriotismo ao mercado financeiro.

TORCEU O NARIZ | Mas Bolsonaro está entre a cruz e a espada. Mais recursos para os pobres significa menos direito para o mercado financeiro. Significa aumento da dívida e prorrogação nos prazos. E essa fatura já está sendo cobrada com Bolsa de Valores caindo e dólar subindo. E não se engane, ele só não caiu porque o mercado não quis.

FALA, QUEIROZ | A nova prisão de Fabrício Queiroz ainda pode “beneficiar” o presidente. Após ser detido em Atibaia, Bolsonaro recuou nos seus discursos ideológicos no cercadinho e nas provocações baratas. As polêmicas com STF e Congresso reduziram e sua rejeição caiu.

JAIR LULA DA SILVA | Agora, resta saber se Bolsonaro adotará uma agenda mais popular, contanto com apoio da massa empobrecida, se contornará novas descobertas do caso Queiroz, ou se vai seguir com discurso de “austeridade econômica” que enriquece os mais ricos e gera desemprego e desilusão no povo.