Tenho observado que – ao contrário do que muita gente fala e escreve – desde o início da pandemia a grande maioria da população tem usado máscara.

Inclusive há que se considerar que no inicio da pandemia o maior exemplo – foi praticamente uma aula – de como usá-la veio do Jair Messias Bolsonaro. Ele – didaticamente – demonstrou como usá-la: i) desdobra-a e coloca-a sobre o queixo; ii) pode também – como que brincando de cabra cega – cobrir os olhos; iii) ou usa-la sobre o nariz e parte dos olhos; iv) cobrir somente a boca, deixando o nariz livre; v) também pode ser sobre a boca e o nariz (dizem ser esta a mais correta); e, vi) finalmente pendurada em uma das orelhas.

Como vê foi uma pequena demonstração pratica de como usar máscaras. Há muitas outras maneiras de usar a máscara, como o exemplo, dado – durante uma live – pelo prefeito Sérgio Onofre de Arapongas (PR).

Enquanto sua secretaria falava da importância de usar máscara, o prefeito mostrava que ela pode ser usada para limpar a tela do celular.

O objetivo aqui não é mostrar que as autoridades têm usado máscaras – às vezes até duas –, mas mostrar que a máscara está sendo intensamente usada. Sei que esta afirmativa é necessária que se comprove e comprovarei.

Independente do modelo – enroscar nas orelhas ou amarrada atrás da nuca ou ao antigo faroeste – e das características do que a compõe: tecido sintético ou de algodão, elas estão sendo usadas.

Foto: Pixabay

Não vi, ainda, máscara de linho, talvez seja por que não encontrei o Rafael Greca e o Ratinho. Ambos elegantes, cada um a sua maneira, podem ter máscaras de linho e usá-las combinado com as cores da roupa, quem sabe com a cor da gravata ou das meias. Combinar ou contrastar as cores é importante para todo mundo, não só para eles.

Curitiba, nesta questão de uso de máscaras é exemplar: até ônibus usa. O prefeito mandou pintar uma máscara na – cara – frente dos ônibus. Antes de entrar no ônibus, ao olhar a cara do mesmo o/a passageiro/a já se lembra da própria [máscara] e acerta a posição da mesma na própria cara. Acertar significa tira-la da região protegida, que pode ser o queixo, e coloca-la sobre a boca e o nariz.

Foto: Hully Paiva/SMCS

De máscara – pedindo licença – entra no ônibus e começa a procurar um jeito de ficar o 1,5 metro – recomendado – de distância da outra pessoa. Até conseguir esta posição já resvalou em pelo menos umas 20 e quando consegue ficar na distância adequada chegou ao destino final.

O ônibus tem máscara e o prefeito Rafael Greca pede para não ter aglomeração – dentro do ônibus. Nas festas dele pode: tanto as de natal como a da vitória eleitoral.

Para que não tenha aglomeração – dentro dos ônibus – ele deu, claro do nosso dinheiro, 300 milhões de reais para os empresários do transporte coletivo. Dinheiro este muito bem usado: pintaram máscaras na ‘cara’ dos ônibus.

Rafael Greca entende que isto [ônibus de máscaras] ajuda com a ideia que a população tem que usar máscaras, portanto os 300.000.000,00 foram bem aplicados. Para corroborar que a ideia do prefeito deu certo vou tentar provar que 100% da população está usando máscara.

Tenho observado que parte – importante da população – compreendeu a aula de Bolsonaro e Onofre e tem feito uso da máscara. Tem muita gente usando máscara para proteger o pescoço, o queixo, a mão, a munheca…, incrível, vi outro dia uma testa bem protegida por uma máscara. Talvez por que o cidadão tenha pouco cabelo.

Eduardo Bolsonaro, em evento do pai, posa para foto sem utilizar máscara. Foto: Carolina Antunes/PR

Também observo que a máscara é usada como tiara ou uma fita de prender cabelo: dá certa elegância. Ainda não vi a máscara sendo usada para amarrar tranças ou fazer rabo de cavalo.

Há gente usando a máscara pendurada no guidão de moto e de bicicleta. Nestes casos a situação é séria, o cidadão transferiu a responsabilidade usar máscara para a bicicleta ou a moto. Como também é grave – outra situação que assisti – a transferência para que o retrovisor interno de carro usasse-a.

Foto: Carolina Antunes/PR

A máscara também está muito usada pendurada numa das orelhas ou em algum dos dedos da mão. Por estarem preocupados/as em não contrair o COVID-19, em Curitiba, 100% da população está usando máscara: algumas pessoas as usam de forma visível, como acabei de descrever, outras as usam de maneira mais discreta: levam nos bolsos ou bolsas.

Portanto creio que as autoridades sanitárias não precisam se preocupar: não haverá aumento do número de pessoas infectadas pelo COVID-19, tá todo mundo usando máscara de acordo com a orientação das autoridades: presidente, governador e prefeitos.

Preocupadas em não se infectar e não infectar ninguém as pessoas vão para as festas – da vitória [15/11] e natal Luz de Pinhais – do Greca, o jantar do Bolsonaro – o Ratinho filho não pode ir, mas o Ratinho pai foi – com máscaras, só não as vê que não quer.

Desejo um Feliz Natal, Feliz Ano Novo e que a máscara dos hipócritas, digo destas autoridades, caiam em 2021.

Doutor Rosinha é ex-deputado federal e ex-presidente estadual do PT do Paraná. Ele é médico pediatra aposentado da Prefeitura de Curitiba.