Sem vacina, Greca empurra profissionais para aulas presenciais

Protocolo de retorno às aulas ignora as incertezas da pandemia




FonteEdicleia Aparecida Farias*

Foto: Isabella Mayer/SMCS

Tive acesso ao protocolo de retorno ao atendimento presencial nas unidades do CMEI. Infelizmente o que vejo é superficialidade e ao invés de sanar duvidas e acalmar  a ansiedade dos trabalhadores gerando mais incertezas e indignação. Citando os protocolos de 2020, quando as aulas foram suspensas, as normas dizem ter “o propósito de prover orientações claras e práticas para as equipes de profissionais que atuam nas unidades e também para as crianças, estudantes e suas famílias, para o momento de reabertura das unidades para retomada das atividades presenciais seguindo princípios básicos de segurança”.

O documento não leva em conta especificidades referentes a educação infantil. E nós sabemos que estamos em um momento de pandemia e singular na história recente da humanidade. Porém no mínimo, deveria estar evidente nesse documento é participação dos sujeitos que estão no chão do CMEI/ Escola.

O que justifica o retorno das aulas neste momento em que a pandemia está ainda mais descontrolada do que no ano passado, com um a série de incertezas com relação às medidas de isolamento e ainda maiores com relação à vacinação?

No ano passado, quando as aulas foram suspensas em 23 de março, a cidade tinha 37 casos confirmados, 233 suspeitos e nenhuma morte. Na ocasião, o prefeito Rafael Greca disse: “peço que todos compreendam esta decisão naquilo que ela é: uma forma de conter o avanço do problema e assim diminuir impactos futuros na rede de saúde de Curitiba”.

Em um ano, o que mudou ou melhorou para uma rede municipal de ensino que atende cerca de 140 mil estudantes. São 185 escolas e 228 CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil), além de 95 CEIs (Centros de Educação Infantil contratados)?

Porque os números pioraram. Agora são 455 novos casos em um dia e 11 novas mortes, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde do dia 26 de janeiro.

O que se observa é a incoerência da gestão municipal e também a responsabilização de tudo e por tudo sob equipe gestora e dos profissionais do CMEI, que estão ali na ponta atendendo a comunidade. A gestão está nos impondo a abnegação compulsória ao assumir toda a responsabilidade e consequências que essa doença pode trazer enquanto exime a responsabilidade dos nossos governantes.

Caberá aos profissionais todas as tarefas de higienização, limpeza e cuidado com as crianças. Algo que ninguém se furtará a fazer. Não estamos nos negando a retornar por preguiça como afirmam inclusive vários atores relevantes do cenário atual como o próprio presidente. Poderíamos sim estar discutindo o protocolo, o retorno seguro ao atendimento presencial, se nossos governantes tivessem cumprido com  seu papel, tomando as medidas necessárias e responsáveis em providenciar a vacina para toda população.

O que não vemos é a contrapartida da Prefeitura de Curitiba Que cidade humana é essa que empurra as crianças para escola só tendo vacinado 4,5 mil pessoas, não sendo nenhuma da educação? Após um ano de pandemia, momento que  aliás já existem vacinas e vários países estão em plena campanha de vacinação, o que vemos é o prefeito Rafael Greca e sua equipe em mais uma atitude negacionista para o perigo, empurrando profissionais, crianças e sociedade para o aumento do contágio enquanto a vacina não chega para todos. Chega disso!

*Edicleia Aparecida Farias é professora de educação infantil na rede municipal de Curitiba