Paraná gasta meio bilhão de reais em estradas que serão pedagiadas

Ratinho repete a fórmula de arrumar rodovias para depois concessionárias cobrarem tarifa





Governador comemora duplicação da PR 323 que será pedagiada. Foto: Geraldo Bubniak/AEN

A fórmula não é novidade. O poder público constrói e reforma aeroportos, investe em infraestrutura, descobre o pré-sal e, depois de pronto, entrega para a “iniciativa privada” lucrar cobrando tarifa ou explorar determinada atividade. Com o pedágio do Paraná não é diferente. Antes de entregar rodovias estaduais para um novo lote de exploração, o Governo do Estado está fazendo obras em estradas que não foram realizadas pelas atuais concessões. E o valor não é pouco: meio bilhão de reais.

O estudo foi feito pelo mandato do deputado Soldado Fruet (PROS). O gasto pelo Governo do estado  é quase o dobro do montante total investido na execução de obras rodoviárias em 2020 (R$ 263,5 milhões), conforme divulgado pelo Governo. Um desses gastos que será entregue às concessionárias é a PR-323, que liga as “regiões Norte e Noroeste e passa por várias cidades do Estado. A rodovia suporta toda movimentação proveniente do polo têxtil e o escoamento da safra de importantes regiões produtoras paranaenses”, segundo o próprio governo. Na estrada, o estado colocou R$ 80 milhões com recursos dos impostos dos paranaenses. 

Para essa rodovia melhorada com recursos públicos estão previstas três praças de pedágio em Jussara (R$ 9,57), Tapejara (R$ 7,01), Perobal/Cafezal do Sul (R$ 5,95). Para o deputado, os paranaenses estão pagando duas vezes.

Deputado Soldado Fruet questiona cobrança em locais reformados pelo estado. Foto: Assessoria

“O Governo do Estado está direcionando dinheiro dos impostos pagos pelos paranaenses para fazer melhorias e ampliar a capacidade destas estradas para depois simplesmente entregar essas obras prontas para a iniciativa privada. E elas vão arrecadar rios de dinheiro com os pedágios que pagaremos para fazerem apenas a manutenção pelos próximos 30 anos”, destacou o deputado. 

A queixa é semelhante à do deputado estadual Requião Filho (MDB). Para ele, não é correto o estado consertar o que não foi feito pelas concessionárias para depois entregar para outras empresas apenas lucrarem com a cobrança.

Para Requião, concessionárias receberam por obras que não fizeram. Foto: Assessoria

Em audiência pública realizada em Cornélio Procópio, ele destacou a omissão do governo e das autoridades com relação ao descaso, como em Jacarezinho, onde há duas praças consideradas irregulares, o valor cobrado é de R$ 24,40. Já em Sertaneja, o preço é R$ 22,70. 

“São obras que nós já pagamos e não foram realizadas! Agora temos que cobrar que elas aconteçam. Preço justo de pedágio no Paraná é 20 anos sem pedágio, com as obras de 20 anos atrás sendo concluídas”, afirmou Requião Filho.