Ratinho Jr. nunca levou a sério os alertas

Para Dr Rosinha, governador relativizou riscos com a pandemia




FonteVio Mundo

Governador Carlos Massa Ratinho Junior e presidente Jair Bolsonaro - Foz do Iguaçu, 25/02/2021 - Foto: Jonathan Campos/AEN

O governo do Paraná, por meio da sua Secretaria de Saúde, divulgou na tarde de terça-feira (02/03) novo boletim sobre a covid-19 no estado. Ele mostra a dura realidade: 178 mortes nas últimas 24 horas. É o quarto registro mais alto desde o início da pandemia, em março de 2020. No Paraná, os óbitos já somam 11.776. Em 10 de fevereiro de 2021, havia cinco pacientes na fila de UTI. Na segunda-feira, 1° de março, eram 242.

Ou seja, em menos de um mês a fila de espera por uma vaga de UTI para covid-19 no Paraná cresceu quase 50 vezes. Em função desses números catastróficos, também ontem o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, declarou à noite em entrevista à TV local, RICTV:

 “Precisamos de um lockdown nacional. Precisamos de mais leitos de UTI pagos pelo Ministério da Saúde. Precisamos de mais vacinas. Alertamos ao ministério: precisamos reduzir a circulação do vírus”.

Um território, visto de uma altura de 5 mil, 10 mil metros, parece tranquilo: não há doentes, mortes e sofrimento. É assim que o Paraná era olhado até uma semana atrás. Assim, era imaginado porque o governador Ratinho Jr. (PSD) é demagogo, faz muita publicidade e nada em defesa dos direitos da população.

 

Apesar de andar de mão dadas com o fascismo de Bolsonaro, ele se comporta como um gentleman. A diferença entre eles é no comportamento e não ideológica. Bolsonaro é fascista, falastrão, nulidade intelectual, que não se preocupa em demonstrar o que realmente é. Já Ratinho Jr. é fascista, demagogo, preocupado com as aparências. Para manter a imagem de bom governante, não fala contra o uso de máscara e álcool gel. Tampouco a favor de aglomerações, apesar de provocá-las. Também não dá declarações contra a ciência.

Só que não coloca em prática o que a ciência recomenda ou o bom senso aconselha. No início deste ano, quando a pandemia da covid-19 dava sinais de recrudescimento, Ratinho Jr. marcou a data da retomada das aulas presenciais.

A entidade que representa os professores/as e funcionários/as de escolas do estado – a APP-Sindicato –– pediu adiamento, argumentando que o retorno das aulas presenciais dependia de adequação do ambiente das escolas e, fundamentalmente, da vacina. Ratinho Jr. negou. O governador entende a sua relação com os servidores públicos do estado como uma guerra, tanto que, em 27 de janeiro deste ano, em entrevista à rádio Jovem Pan, declarou:

 “Ganhamos todas as guerras com a APP. Todas. Nos dois anos que estou no governo, eles não ganharam nenhuma…”.

A arrogância e o autoritarismo de Ratinho Jr. estão presentes não apenas  nas suas relações com os trabalhadores. Elas se manifestam-se também ao negar as evidências científicas. Ratinho Jr. nunca levou em consideração os alertas de crescimento do número de doentes e mortes no estado do Paraná pela covid-19. Uma prova incontestável disso foi marcar prova para a contratação de professores/as e funcionários/as por contrato precário.

O teste provocou a aglomeração de cerca de 34 mil pessoas! Neste caso, especificamente, a APP pediu o adiamento. Ratinho Jr. não adiou. Afinal, ele declarou guerra contra o povo e quer derrotá-lo também. Típico comportamento de um genocida como Bolsonaro.

E as atrocidades e o negacionismo de Ratinho Jr. não param por aí. Para ganhar a guerra contra APP-Sindicato, Ratinho Jr. fez a Assembleia Legislativa do Paraná aprovar uma lei estabelecendo a educação como essencial. Antes que alguém pergunte, me antecipo. Ele não enxerga a educação como essencial para o desenvolvimento individual das pessoas e coletivo de uma sociedade. Fez isso só para ganhar a guerra.

Ratinho Jr. faz tudo isso com a conivência do secretário de saúde, Beto Preto, que guarda silêncio sepulcral. Na segunda, Beto Preto saiu do túmulo e gritou por lockdown nacional, mais leitos de UTI pagos pelo Ministério da Saúde e mais vacinas. Mas, guardou silêncio quando, em janeiro deste ano, Bolsonaro/Pazuello cortou 50% do financiamento dos leitos de UTI. Fez o mesmo quando muitos pediam vacina.

Na sexta-feira passada, 27 de fevereiro, Ratinho Jr., através de um decreto  suspendeu as aulas presenciais em todas as escolas públicas e privadas do estado até  8 de março. Pelo caos que estamos atravessando, tudo indica que este curto lockdown é para “inglês ver”, tanto que o governador não mexe um dedo a favor de uma renda mínima garantida pelo estado.

Mas mexe o indicativo e o polegar para fazer arminha. Como todo governante autoritário, mesquinho e fascista, Ratinho Jr. – na ânsia de ganhar a ‘guerra’ contra a APP – está perdendo a batalha contra a covid-19. E os assassinados nesta guerra, como mostram os números,  são os trabalhadores e trabalhadoras do Paraná.

*Dr. Rosinha é médico pediatra, militante do PT. Pelo PT do Paraná, foi deputado estadual (1991-1998) e federal (1999-2017).  De maio de 2017 a dezembro de 2019, presidiu o PT-PR. De 2015 a 2017, ocupou o cargo de Alto Representante Geral do Mercosul.