Curitiba está diante de uma catástrofe pandêmica

Curitiba deve se tornar epicentro da maior crise do Brasil com retorno das aulas presenciais da rede estadual





Prefeito Rafael Greca e Vice Prefeito Eduardo Pimentel. Foto: Daniel Castellano / SMCS

A APP Sindicato realizou uma coletiva de imprensa virtual com a participação do pesquisador biólogo Lucas Ferrante, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Ambos alertaram da gravidade de se iniciar as aulas presenciais nas escolas no próximo dia 15 diante do atual estágio da pandemia. Estudo mostrou que caso Curitiba não adote medidas mais restritivas de isolamento, a capital pode ter uma média de 80 mortes no fim de março e começo de abril. O pesquisador defendeu a necessidade de um lockdown de 21 dias na cidade com isolamento de 90%. Para Ferrante, Curitiba está diante de uma bomba atômica e se tornou o epicentro da pandemia no Brasil. Diante disso, o sindicato defende a manutenção das aulas virtuais e o fechamento das escolas particulares. Caso contrário, entrará em “greve pela vida”.

De acordo com o presidente APP Sindicato, Hermes Leão, a entidade não é contra o retorno presencial, mas não neste momento de aprofundamento da pandemia. O Paraná tem 1,1 milhão de estudantes na rede. O retorno parcial às aulas presenciais pode gerar um aumento de 500 mil pessoas circulando  em todo o estado.

“A nossa categoria trabalhou o ano todo, só que em outro formato. Foi um trabalho muito cansativo em um ano de professores, pedagogos e auxiliares de escola, misturando a vida particular com a profissional”, aponta Hermes. Ele disse que a categoria tem lutado contra a evasão escolar. A APP Sindicato defende a manutenção da aula virtual e contrária ao retorno presencial. 

“Fazemos greve pela vida. Não é possível que o governador e o secretário de educação Renato Feder continuem neste nível de negacionismo”, lamenta Hermes.

O sindicato disse que está aprofundando pesquisas regionalizadas para avaliar os impactos do retorno presencial das escolas estaduais agendado para a partir de 15 de março.

Curitiba se torna epicentro de contaminação da pandemia no Brasil, diz pesquisador durante coletiva

Catástrofe no horizonte e epicentro da contaminação

O pesquisador Lucas Ferrante desmentiu a posição da Prefeitura de Curitiba com relação ao controle da pandemia. De acordo com o biólogo que viu de perto a situação de Manaus, o modelo que chegou a 80 mortes em abril “não é de programação geométrica”. Ele considera as taxas, calculando variáveis de vacinados e recuperados. 

Diante disso, para Ferrante, Curitiba caminha a passos largos para uma catástrofe. “Pode ter uma terceira onda com proporções quatro vezes maiores do que a outra e o negacionismo que foi visto em Manaus tem sido adotado pela Prefeitura de Curitiba. Isso pode ser considerado um crime contra a sociedade porque está sendo feito o alarme”.

Para Lucas, “Curitiba é uma bomba relógio. O Paraná é uma bomba relógio. As crianças vão ser as primeiras a se queimarem e depois essa chama vai contaminar a família, os avós, os amigos. O dano da perda de uma familiar é centenas de vezes pior”.

Biólogo Lucas Ferrante apresentou estudo em sessão da CMC. Foto: Rodrigo Fonseca

O pesquisador afirmou que vai encaminhar para a Prefeitura de Curitiba os resultados da pesquisa. “Recomendado a suspensão de todas as aulas da rede pública e privada de ensino e lockdown de 21 dias com participação de 90% da população”, sugere Lucas Ferrante, que também comentou a questão da bandeira apresentada em Curitiba. Para ele, a cor laranja não é real. 

“Curitiba deveria estar na bandeira vermelha. Essa é uma situação ilusória. Causa uma falsa sensação para a população e deixa as pessoas ‘confortáveis’ para sair às ruas. A Prefeitura deu declaração dizendo que não ia acontecer. Mas se pode mostrar uma situação pior”, explica.

Lockdown de 90%

Devem ser revistos alguns serviços considerados essenciais pela Prefeitura de Curitiba. Para o pesquisador, apenas funcionários da saúde poderão utilizar transporte coletivo. Até o transporte precisa ser controlado. Só deve ser deixado aberto o que é essencial: farmácias e supermercados.