Empresas de ônibus demitiram 2654 cobradores e motoristas durante a pandemia

Em Curitiba, saldo negativo é de 842 demissões no transporte coletivo





Um dos setores mais incentivados pelo poder público durante a pandemia, os empresários do transporte público não pouparam os empregos de cobradores e motoristas de ônibus. Segundo o DIEESE, em 2020, o Brasil fechou quase 50 mil postos de trabalho para motoristas e cobradores de transportes coletivos. No Paraná não foi diferente. O Governo do Estado fez um repasse de R$ 32,7 milhões para as empresas de transporte coletivo da Região Metropolitana de Curitiba. Já a capital, responsável por um terço das demissões, o valor já destinado ao transporte passa dos R$ 190 milhões.

Segundo o secretário de Finanças de Curitiba, Vitor Puppi, em prestação de contas na Câmara Municipal, a cidade teve um acréscimo das despesas ao longo da pandemia para socorrer as empresas de transporte público. “O município aportou um valor significativo para manter o transporte funcionando. Se não tivesse o recurso, o transporte poderia parar e as concessões seriam devolvidas, como aconteceu em Salvador. O município de Curitiba repassou R$ 192 milhões para o sistema de transporte”, calculou. Segundo o secretário, sem a lei emergencial, esses valores poderiam dobrar, porque a arrecadação do FUC caiu pela metade.

O aporte dado pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de Curitiba não garantiram os empregos desses profissionais. Levantamento do DIEESE mostra que foram demitidos 2654 profissionais do transporte público durante a pandemia. Efeito da diminuição das linhas e da bilhetagem eletrônica adotada em Curitiba. 

Apenas na capital, foram contratados 209 motoristas e demitidos 646, tendo saldo negativo de 437 postos de trabalho. Com relação aos cobradores, ocorreram apenas 80 admissões e 774 demissões. Com isso, o saldo é negativo em 842 empregos. Praticamente um terço das demissões. 

Os números são inflados pelas demissões na Região Metropolitana de Curitiba. De acordo com os dados obtidos junto a Caged, 1575 motoristas a mais foram demitidos do que contratados. Entre os cobradores, 1079 profissionais a menos, totalizando 2654 postos de trabalho fechados.

Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

A vereadora professora Josete (PT) questionou as escolhas da Prefeitura de Curitiba. Ela informou que existe um contrato emergencial e a gestão deve passar o salário dos trabalhadores afastados. A vereadora ainda questionou o montante repassado aos empresários. 

“Tanto o governador como o prefeito priorizam atender os interesses das empresas de transporte coletivo. Só no ano passado, durante a vigência do contrato emergencial, o município repassou R$ 192 milhões. No entanto, não observamos a garantia da qualidade do serviço, como da segurança dos passageiros. Ainda permanecem gargalos onde a superlotação em algumas linhas é uma constante”, avalia Josete.