Saúde diz não ter bola de cristal sobre queda dos números

Gestores apostam na colaboração da sociedade e dos comerciantes





Secretária de Saúde em audiência na CMC. Foto: Rodrigo Fonseca

A cidade de Curitiba entrou em bandeira vermelha. A medida foi adotada após o colapso do sistema de saúde com 104% dos leitos ocupados. Para tentar reduzir a contaminação, a Secretaria de Saúde aposta na colaboração da sociedade e dos comerciantes para aconteça o isolamento social. Questionada se 14 dias não são pouco para uma queda substancial, a Secretaria de Saúde abandonou a ciência nas projeções e disse “não ter uma bola de cristal sobre o que vai acontecer”.

O novo decreto 940/2021, que entrou em vigor no sábado (29) com validade até 9 de junho, tem muitas contradições em relação ao decreto 630/21, que define o protocolo de bandeiras. As principais incoerências são a permissão para jogos de futebol na cidade, a manutenção de igrejas e escolas particulares abertas e o horário do toque de recolher.

Novo decreto de Curitiba descumpre medidas da gestão

Em março, na primeira bandeira vermelha, as escolas foram fechadas, assim como templos, e não aconteceu partidas de futebol. Conforme o decreto foi sendo renovado, a Prefeitura de Curitiba foi flexibilizando as medidas, permitindo abertura de escolas presenciais com público reduzido e igrejas. Já este decreto, além de não fechar tudo, permite a abertura do comércio no sistema delivery e drive thru. Assim como a prática esportiva em locais abertos, desde que individualmente. São todas medidas que não colocam a cidade em  lockdown. 

Outra contradição é com relação ao toque de recolher. O decreto 630 determinou proibição de circulação das 20 às 05 da manhã. Esse é o mesmo horário aprovado pelo Governo do Estado em 25 de maio. No entanto, o decreto publicado na sexta-feira mudou o horário para entre 21 horas e cinco da manhã. O toque de recolher estadual está sendo questionado pelo presidente Jair Bolsonaro em ADIN no STF. Mas, sobre o assunto, a secretaria de Saúde, Márcia Huçulak, não quis comentar.

Não temos Bola de cristal 

A assessoria da Secretaria de Saúde apresentou gráficos com as duas ondas em Curitiba e disse que a queda expressiva dos casos na segunda onda só aconteceu após 20 dias de bandeira vermelha. Especialistas dizem que são necessários 21 dias de lockdown (Curitiba não adotou o modelo) para que ocorram quedas substanciais dos números. Questionada sobre porque não ampliou o isolamento social na segunda onda, a assessoria disse que era necessário dar um fôlego para as pessoas e para o comércio. 

Já nesta terceira onda, os gestores municipais admitiram que fechar comércio e supermercados no sábado e domingo passado foi a tentativa de um alerta frustrado. Na ocasião, a bandeira em Curitiba era a laranja. Desta vez, sendo vermelha, supermercados abrem de segunda a sábado e o comércio e shoppings podem atender em modalidades de retirada. 

Com uma bandeira mais flexível, a Secretaria de Saúde disse esperar que os 14 dias sejam suficientes para a redução dos números e argumentou não ter a “bola de cristal” para informar se o decreto precisará ser renovado com medidas mais duras ou brandas.