Ratinho vira sommelier de vacina e toma Jansen em Apucarana

Governador reside em Curitiba e teve idade de convocação no último dia 10 para dose de CoronaVac ou AstraZeneca





Governador toma vacina da Jansen fora de Curitiba. Foto: AEN

O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), tomou a dose única da vacina Jansen em Apucarana. Ele se deslocou até a cidade onde foi imunizado. Se tivesse atendido a convocação da Prefeitura de Curitiba que ofertou a primeira dose para idade dele, 40 anos, no último dia 10 de julho, receberia uma dose da CoronaVac ou AstraZeneca, que eram os imunizantes disponíveis.

O ato de “burlar” o local de vacinação tem sido criticado em todo o país. São diversos os cidadãos que ficam caçando de local em local a vacina por eles desejada. Não encontrando, simplesmente abandonam a fila da vacinação. O ato conhecido como “sommelier de vacina” tem motivado, inclusive, legisladores a combater o jeitinho, empurrando para o fim da vacinação aqueles que se recusam a tomar uma dose ou que procuram pela fabricante desejada.

Do governador do Paraná se esperava dar exemplo para a sociedade. Se de um lado não fez como seu aliado político, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que se nega a revelar se foi vacinado; por outro, Ratinho se aproveita de uma condição favorável, ter uma fazenda em Apucarana (que é do Ratinho pai), para tomar a dose da Jansen que deve ter sido especialmente reservada para ele. E quem pagou para isso: o estado? Qual foi o custo desse deslocamento de avião ou helicóptero?

Ratinho deveria ter vacinado em Curitiba com a dose da que tinha. Se necessário, tomando a primeira dose e, como qualquer cidadão, aguardando o prazo estabelecido pelos protocolos de saúde e pela secretaria para a segunda dose. Ele mora em Curitiba, estuda aqui, trabalha, vota também. Por que não se imunizou na capital? Só porque a cidade só tinha 70 doses disponíveis de Jansen no sábado, segundo a Prefeitura Municipal, e seria um verdadeiro parto encontrar a dose pretendida?

O governador deu mais um mal exemplo à população. Mostrou que está acima dos protocolos. Para todos, serve a regra, para ele, não. Quem escolhe vacina, inclusive em outro município, deve ir para o final da fila. E se a Secretaria de Estado da Saúde não utiliza esta regra de impedir vacinação em outra cidade por cidadão que busca escolher vacina, deveria utilizar. Deve ser seguido um único critério, até para se evitar circulação.

No país não está sobrando vacina. Por isso a regra de municipalização. E cada município recebe vacinas específicas, de acordo com a disponibilidade. É imoral escolher vacina. Se foi encontrado um jeito para simular a legalidade, não é este o exemplo de um governador, ou de um gestor público deve dar.