Bolsonaro delira na ONU e envergonha o Brasil

Presidente defendeu tratamento precoce, criticou isolamento e passaporte vacina e disse que resgatou a confiança do Brasil





Presidente da República Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está descolado da realidade brasileira e mundial. Em discurso de pouco mais de 12 minutos na ONU, ele defendeu o chamado tratamento precoce, a prescrição de remédios por fora da bula, criticou o isolamento social e o passaporte da vacina. O mandatário brasileiro é o único dos 20 chefes de estado que não se imunizou, sendo obrigado a comer na calçada, em Nova York, e a ouvir do primeiro ministro britânico, Boris Johnson a recomendação para que tomasse Astrazeneca. O pronunciamento de Bolsonaro repercutiu mal para ele. Imprensa e oposição avaliam que o presidente mentiu do início ao fim do discurso.

Uma das maiores polêmicas do discurso mentiroso de Bolsonaro se enquadra em seu negacionismo com relação à gravidade da pandemia. Seu discurso foi nesta linha.

“Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina. Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label”, disse o presidente.

O discurso não encontra respaldo na realidade. A CPI da Pandemia tem investigado a ineficácia desse tipo de tratamento e o quanto o modelo de imunidade de rebanho expôs os brasileiros à contaminação e a morte. Mais recentemente se revelou que o uso do tratamento precoce pela Prevent Sênior geralmente citada por Bolsonaro levou à morte nove pessoas.

Membro da CPI da Pandemia, o senador Randolfe Rodrigues resumiu o discurso de Bolsonaro. “Bolsonaro MENTIU do início ao fim, e ao invés de defender a vacina, criticou o passaporte da vacina, que tem dado resultados bons no mundo todo, e falou sobre um tratamento sem efetividade contra à COVID-19! Um vexame mundial”!

O senador ainda questionou outras mentiras de Bolsonaro como o auxílio emergencial e a crise econômica que o país atravessa sob seu comando. Segundo ele “Bolsonaro disse que o Brasil mudou sob o seu Governo. O saldo é 19 milhões de famintos, 14 milhões de desempregados, quase 600 mil mortos pela má gestão da pandemia, Desastre Ambiental, Desastre na Educação, Negação da Ciência. Mudou mesmo. Pra pior, infelizmente”, compara Randolfe.