Greca quer dar já 67 milhões aos empresários do transporte

Câmara Municipal começa a debater novo aporte para setor que já recebeu 320 milhões





Prefeito Rafael Greca faz a entrega dos veículos novos na canaleta do Bairro Santa Candida - Curitiba. Foto: Daniel Castellano / SMCS

O setor do “transporte privado coletivo de Curitiba” definitivamente não tem o que reclamar do prefeito Rafael Greca (DEM). O gestor municipal saiu novamente em socorro das empresas de ônibus usando como desculpa a pandemia. Greca, em regime de urgência, pretende repassar mais R$ 373 milhões para o setor, sendo que R$ 67,8 milhões serão disponibilizados agora para abranger os meses entre setembro e dezembro de 2021.

A prefeitura alega, na mensagem 54, que repassa mais dinheiro para as empresas de ônibus, de que isso é necessário para “minimizar os impactos financeiros negativos ao Sistema de Transporte, gerados pela severa redução do número de passageiros pagantes”. 

Versão contestada por Lafaiete Neves, professor aposentado da UFPR , Mestre em História PUCSP, Doutor em Economia UFPR e membro Titular do Conselho da Cidade de Curitiba (Concitiba).

A justificativa do projeto é a de que, com a pandemia, caiu drasticamente o número de passageiros: de 800 mil ao dia em janeiro de 2020 para 320 mil ao dia em março de 2020. Isso é uma falácia, visto que a queda no número de passageiros vem ocorrendo desde a licitação fraudulenta de 2010, que elevou os custos do sistema, tornando a tarifa impossível de ser paga pelos usuários de baixa renda”, resgata.

 Já na emenda ao projeto protocolada no dia 24 de setembro,  fica o Município autorizado a aportar recursos financeiros no Fundo de Urbanização de Curitiba, para pagamento total ou parcial das prestações devidas entre setembro de 2021 e fevereiro de 2022, relativas ao financiamento para a renovação da frota já realizada.

“A emenda proposta tem como escopo destinar recursos financeiros para a quitação total ou parcial dos financiamentos realizados pelas concessionárias do transporte. Sabe-se que com a renovação da frota R$ 373,1 milhões”, os contratos suspensos agora estão sendo cobrados a partir de setembro de 2021”, diz a mensagem de Greca enviada ao presidente da Câmara Municipal.

Transporte público

Para Lafaite Neves, a relação da Prefeitura de Curitiba com as empresas de ônibus não é de interesse público. O transporte na capital é privado com atendimento ao coletivo. Segundo ele, com essa nova compra, o caminho era ter uma frota pública.

“O tratoraço do Greca na votação da Câmara Municipal vai criar uma questão que nos interessa, que a PMC assumindo-nos dívida das empresas junto aos bancos pela aquisição de 400 ônibus para renovação da frota, faz com que essa frota de 400 ônibus passe a ser propriedade da prefeitura de Curitiba”, defende.

Já a vereadora Carol Dartora (PT), líder da oposição, desta que o que está acontecendo em Curitiba é um absurdo. “Quando a gente reivindica recursos para a prefeitura atender as pessoas que estão necessitadas por conta dos efeitos da pandemia, para construir moradias para as pessoas que estão em ocupações, por exemplo, nunca tem dinheiro, mas para os donos das empresas de ônibus o caixa está liberado e tudo é votado às pressas, sem transparência”, compara

Ela disse que vai combater a medida antidemocrática “que acaba impedindo a destinação de recursos para atender as demandas da população que mais precisa, porque o prefeito quer beneficiar essas empresas que já lucram com uma das passagens mais caras do país”.