Mulheres têm rendimentos menores, jornada extra e menos participação política

Segundo o IBGE, apesar de mais escolaridade, elas recebem em média três quartos dos ganhos dos homens




FonteRBA

Deputadas protestam na Câmara em 2016: apesar da existência de cotas, elas representam apenas 10,5% do Parlamento. Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

As mulheres têm mais escolaridade que os homens, mas recebem, em média, cerca de três quartos do rendimento deles. Ocupam apenas 38% dos cargos gerenciais (públicos ou privados) e dedicavam, em 2016, 73% mais horas nos cuidados de pessoas e afazeres domésticos. Os dados são do IBGE.

A desigualdade se revela entre as próprias mulheres, no recorte por cor ou raça, conforme a classificação do instituto. “A dimensão educacional também revela a grande desigualdade existentes entre as mulheres, segundo a sua cor ou raça: 23,5% das mulheres brancas têm ensino superior completo, um percentual 2,3 vezes maior que o de mulheres pretas ou pardas (10,4%) que concluíram esse nível de ensino.” Ainda no recorte por escolaridade, 21,5% das mulheres completaram o ensino superior, entre as pessoas na faixa de 25 a 44 anos. Entre os homens, 15,6%.

O IBGE lembra também que, apesar da exigência de uma cota mínima de 30% de candidaturas de cada sexo (Lei 12.034, de 2017), as mulheres representam apenas 10,5% dos deputados federais em exercício. “Esta proporção é a mais baixa da América do Sul, enquanto a média mundial de deputadas é 23,6%.”

Em 2016, as mulheres dedicavam 18,1 horas semanais a cuidados de pessoas ou tarefas domésticas. Os homens, 10,5 horas. Essa diferença, em média de 73%, crescia para 80% a mais no Nordeste (19 horas semanais). A jornada aumenta no caso de pretas ou pardas (18,6 horas).

“Mulheres que necessitam conciliar trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados, em muitos casos, aceitam ocupações com carga horária reduzida”, diz o instituto. “A proporção de ocupados trabalhando por tempo parcial (até 30 horas semanais) mostra um percentual mais elevado de mulheres (28,2%), quando comparado com os homens (14,1%). Nas regiões Norte e Nordeste, a proporção de mulheres passa de 36%.”

Também em 2016, o rendimento médio das mulheres era de R$ 1.764, enquanto os homens ganhavam R$ 2.306. “Considerando-se a rendimento médio por hora trabalhada, ainda assim, as mulheres recebem menos do que os homens (86,7%), o que pode estar relacionado com à segregação ocupacional a que as mulheres podem estar submetidas no mercado de trabalho.”

Já a proporção de mulheres que têm celular chegava a 78,2%, um pouco acima dos homens (75,9%). Apenas na região Sul a proporção de homens com o aparelho é maior: 82,1% a 81,9%.