A Comissão Externa da Câmara dos Deputados criada para acompanhar a investigação dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes aprovou, nesta quarta-feira (21), um requerimento para que o diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Laerte Rímoli, preste esclarecimentos sobre o pedido de restrição na cobertura da brutal execução da vereadora ocorrido na semana passada.
Dois emails enviados por gestores da Agência Brasil à equipe de reportagem pediam explicitamente a diminuição de matérias sobre o assunto, que ganhou repercussão mundial. Trata-se de uma clara violação à liberdade de expressão e dos princípios que regem a comunicação pública no país, sendo mais um caso de interferência do governo federal na EBC. Temer tenta desde 2016 acabar com o caráter público da empresa, tornando-a mera assessoria do planalto. Ainda não há data para o depoimento de Rímoli.
O comunicado ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do governo Michel Temer orienta os trabalhadores a restringirem a cobertura ao que dizem as autoridades. “Precisamos reduzir matérias da morte da vereadora Marielle Franco. Essas homenagens do PSOL são para tirar proveito do momento. Ou outras repercussões do gênero. Devemos nos concentrar nas investigações e naquilo que dizem as autoridades”, diz um dos comunicados enviado pelos chefes aos editores.
Em reação a “orientação” da direção da empresa, jornalistas da redação da Agência Brasil em Brasília resolveram fazer um protesto nesta terça-feira (20) contra a restrição da cobertura e levaram uma faixa com os dizeres: “Não vão nos calar! Marielle presente”.