Bombas e balas de borracha são disparadas contra militantes em Curitiba

Segundo os militantes, a ação truculenta e violenta da polícia do Paraná começou depois que um homem provocou balançando o portão de entrada da PF





Foto: Gibran Mendes

Milhares de trabalhadores e trabalhadoras que foram prestar solidariedade ao ex-presidente Lula, em Curitiba, foram atacados com bombas e gás lacrimogênio e balas de borracha no momento em que Lula chegava à sede da Superintendência da Polícia Federal, por volta das 22h30.

Entre os muitos feridos tinha uma criança. Algumas pessoas foram hospitalizadas. Não há um número certo de pessoas feridas, tampouco uma motivação clara para o início do ataque contra uma manifestação pacífica, de apoio e solidariedade, com ato ecumênico, palavras de ordem e música.

A militante Athená Oliveira, que assistiu o início da ação da polícia contra o povo, contou ao que tudo começou quando um homem que não tinha nada a ver com o ato de apoio a Lula se infiltrou do lado da militância e começou a empurrar o portão da PF como se quisesse invadir apenas para provar a polícia.

“Ele estava calça jeans e camisa azul escura e provocou o ataque da polícia contra os militantes que estavam pacificamente em vigília na frente da Polícia Federal”, contou Athená.

Outra manifestante que não quis se identificar confirmou que a ação partiu de policiais que estavam dentro do terreno da Polícia Federal, atrás de um dos portões que dão acesso ao local .

Foto: Gibran Mendes

Segundo a professora Cida Reis ao menos dez de suas colegas foram hospitalizadas, entre elas a professora Marlei Fernandes, da direção da CNTE. Elas foram atendidas nos hospitais Cruz Vermelha e Evangélico, na capital paraense. “Foi horrível. Assim do nada. Estávamos muito próximos. A primeira bomba nem acreditamos que fosse uma bomba, achamos que fosse um sinalizador”, relatou.

“Vi muitos feridos”, disse o secretário nacional de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, que fazia uma transmissão ao vivo para o perfil da entidade no Facebook quando o ataque teve início.

“Veio uma, depois duas, três e começamos anos afastar”, diz Roni se referindo as bombas de efeito moral que foram lançadas.

“Vi mulheres e crianças caindo, aquela confusão. Ali é uma rua estreita. Milhares de pessoas que não tinham como sair de lá, não tinham como correr. Quando nos afastamos, eles continuaram jogando bombas e mais bombas. Tinham barracas, vendedores ambulantes, todo mundo passando mal”, relatou.

O senador Lindbergh Farias, que estava no local, disse que os atos da polícia no Paraná devem ser alvo de denúncia internacional. “Está todo mundo aqui chocado. Eu só quero dizer uma coisa: nós não vamos aceitar. A denúncias que vamos fazer é internacional. Esse é o nosso direito, garantido pela constituição. Se alguém acha que vai nos intimidar, esqueçam. Nós vamos estar aqui. Vem muita gente do Brasil para cá para defender liberdade para Lula”, assegurou.

O deputado federal Marco Maia, que estava em frente ao portão de entrada da Polícia Federal, disse que não encontrou motivos para o início do ataque. “Estava tranquilo, calmo, olhando o helicóptero quando começaram a ser atiradas as bomba de forma covarde. Era contra crianças, contra idosos, portadores de deficiência. Pessoas que estavam ali única e exclusivamente para ver o Lula e protestar contra esta prisão injustiça”. Afirmou.

Para o deputado, trata-se de abuso de autoridade e medidas devem ser tomadas para cobrar dos responsáveis. “Nós vamos denunciar isso a exaustão na Câmara dos Deputados e vamos pedir providências do secretário de segurança desta atitude tomada pela Polícia Federal aqui em Curitiba”, afirmou.

O deputado também assegurou que cobrará providências do Governo Federal. “Vou fazer contato com o Ministro da Segurança porque é dele a responsabilidade com essas ações que estão sendo tomadas aqui. Ações que não estão sendo tomadas de forma unilateral. O Ministro da Segurança sabe que é responsabilidade dele garantir a segurança das. Não tinha nenhum problema acontecendo na manifestação que acontecia de forma pacífica”, completou.

Foto: Gibran Mendes

Mayara Oliveira, de 25 anos, estava no meio do povo quando ataque teve início. “Eles começaram a atirar, a atirar. Quando estávamos descendo a PM inclusive desceu com vários carros e começaram a atirar bombas agora e nós temos muitos, muitos adolescentes que estão aqui e eles estão batendo nas pessoas. É muita bomba, muito gás. Estamos passando muito mal. Tem pessoas de idade, crianças aqui”, disse enquanto chorava copiosamente.

Ainda não há informações seguras do número total de feridos.