Eleonora Menicucci: “Lula é o primeiro preso político do golpe de 2016”

Ex-ministra do governo Dilma Rousseff participou de ato no acampamento Lula Livre, em Curitiba





Eleonora Menicucci durante ato no acampamento Lula Livre. Foto: Giorgia Prates

A Praça Olga Benário, nome batizado ao local de manifestações no acampamento Lula Livre, em Curitiba, recebeu na noite desta sexta-feira (13) a ex-ministra Eleonora Menicucci. Em ato político organizado pelo comitê das mulheres, a professora e socióloga que foi presa e sofreu com o horror da tortura na ditadura militar ressaltou que “Lula é o primeiro preso político do golpe de 2016”.

Golpe ao qual a ex-ministra acompanhou de perto junto à amiga e ex-presidenta Dilma Rousseff. Ambas estiveram presas na mesma cela do presídio Tiradentes, em São Paulo, durante os anos de chumbo. “Eu sei o que é estar no confinamento, porém estávamos lá com outros companheiros e companheiras que lutavam pela mesma causa. Hoje o Lula está isolado, confinado, cerceado até mesmo de seu direito enquanto preso”, comparou.

A ex-ministra, que desde o impeachment de Dilma tem denunciado o caráter misógino, patriarcal e capitalista do golpe, apontou que a segunda fase do golpe é protagonizada pelo Judiciário. Ela fez uma analogia com o golpe civil-militar. “Naquela época enfrentamos as fardas, botas, armas, cadeias, exílio e torturas. Hoje, ele se reveste da toga do judiciário”, citou. “Vivi 21 anos de ditadura e não quero viver isso de novo. A democracia não pode ser presa”, acrescentou.

Enaltecendo o protagonismo das mulheres na resistência pelo país, Eleonora falou dos retrocessos após o golpe de 2016 e o impacto especialmente às mulheres. Como ministra, Eleonora levou em frente a briga contra o feminicídio, a implantação do projeto Casa da Mulher Brasileira e a efetivação da Lei Maria da Penha. “Esse golpe criou o aumento da impunidade, do estupro, da violência contra as mulheres, do feminicídio”, pontuou.

Ao destacar que o país vive um momento de radicalização da luta de classes, Eleonora Menicucci afirmou que seguirá denunciando em suas viagens pelo mundo o que está acontecendo no Brasil. “Esse golpe não fecharia sem essa prisão [do Lula], uma prisão sem nenhuma condição de legalidade, sem dar o direito ao maior líder do país e do mundo se defender. Sem presunção de inocência. Até na ditadura podíamos nos defender. Tá certo que não valia de nada, mas podíamos”, comparou.