“Comprei só a passagem de ida”

Aposentado que fez greve de fome no julgamento do TRF-4 está em Curitiba para apoiar Lula





Richard Faulhaber. Foto: Gibran Mendes

O servidor público aposentado, Richard Faulhaber, 63, está em Curitiba desde a quinta-feira (12/04) para prestar sua solidariedade e apoio a Lula. Faulhaber, que fez greve de fome durante 14 dias em Porto Alegre, durante o julgamento no TRF-4, diz que está na capital paranaense sem data para voltar.

“Vim apenas com passagem de ida, sem data para voltar. Estamos na luta em defesa do nosso grande guerreiro, irmão, companheiro Lula. É um homem imprescindível para luta, para resgatar tudo o que estava sendo conquistado. Ele dedicou a vida pessoal, privada, da família”, enfatiza.

Aposentado há dois anos, Faulhaber dedica seu tempo para as lutas sociais e trabalho voluntário. Leciona matemática para oito crianças no Morro do Turano, no Rio de Janeiro.

“Eu dou aula para oito crianças. Esse homem que esta aí preso incluiu milhões de crianças.  É um trabalho voluntário. Sou aposentado, tenho um salário decente, trabalhei a minha vida toda no fisco municipal, ganho mais do que o suficiente. Esse trabalho social, humanitário, é muito importante. Mas o trabalho político sério é fundamental. Você não constrói o mundo só com voluntarismo. Precisa ter uma dimensão maior”, avalia.

Greve de Fome

Entre os dias 10 e 24 de janeiro deste ano, o aposentado esteve em Porto Alegre, para o julgamento de segunda instância. “Decidi fazer ao ver toda essa perseguição a Lula. Poderia ser um símbolo forte”, avalia. Faulhaber diz ser cristão ligado à teologia da libertação. “Cristão para mim é aquele que se dedica e dá a mão, dá a vida, por um mundo mais igual, mais fraterno. Uma coisa engajada, não de frequentar missa”. Ele, inclusive, brincou o fato de ter sido expulso da Catedral Metropolitana de Porto Alegre, onde iniciou a greve de fome. “Cristão ser expulsão da catedral, tudo bem”, disse sorrindo.

A base de água e soro ele passou 14 dias em Porto Alegre, alternando as noites de sono entre uma ocupação e casa de amigos. Durante o dia, a maior parte do tempo, ficou na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Alergs).

Em caso de uma nova greve de fome, caso surja a proposta, diz estar disposto. “Essa é uma forma de luta que não substituí nada, mas é complementar”, afirma.

Sobre a família, disse que há uma divisão. “Alguns veem com muito respeito e carinho. Outros meio assustados. Mas faz parte da vida”, resignou-se.

Ele agora espera ver o acampamento e a mobilização em torno da defesa de Lula crescer. “Quanto mais gente, melhor. Os caras são muito poderosos. Vão levar a ferro e fogo como puderem. Mas as pessoas são diariamente envenenadas. É como se fosse um câncer incurável. Elas veem o mundo pela cabeça da Globo e dos poderosos”, concluiu.