Suplicy vai cobrar explicações da juíza Carolina Lebbos

Amigo de Lula há 42 anos, ex-senador pretende entregar mais de 3 mil cartas ao ex-presidente





Eduardo Suplicy leu na vigília trechos das "Regras de Mandela" sobre o tratamento de pessoas em cárcere. Foto: Gibran Mendes

O ex-senador e atual vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT) esteve nesta quinta-feira (26) em Curitiba para tentar visitar o ex-presidente Lula, preso desde o dia 7 de abril na sede da Polícia Federal (PF). Amigo de Lula há 42 anos, ele pretendia entregar mais de 3 mil cartas que lhes foram encaminhadas por brasileiros e brasileiras de todo o país que prestaram solidariedade ao petista.

Como se tornou praxe desde a prisão do ex-presidente, a visita não foi autorizada pela juíza de primeira instância Carolina Lebbos. Tampouco lhe foi permitido entregar os onze cadernos com as cartas. “De domingo (22) até a hoje (26) chegaram mais de três mil cartas de todos os estados brasileiros. Tinha a esperança de ver Lula e conversar pessoalmente sobre o que senti ao ler essas cartas. Todas muito bonitas e comoventes que farão muito bem ao Lula, pois pessoas de todas as partes do Brasil estão torcendo por ele”, comentou Suplicy, que deve repassar as cartas aos familiares de Lula.

O ex-senador comentou sobre a negativa da Justiça e afirmou que procurará pessoalmente à juíza Carolina Lebbos. Ele pretende entregá-la um documento com bases nas “Regras de Mandela” da Organização das Nações Unidas (ONU), que regem o tratamento de pessoas reclusas. Com o documento em mãos, Suplicy leu a “Regra 58”, que prevê que prisioneiros têm o direito de se comunicar com familiares, amigos, advogados, além de receber visitas de médicos. “Como que as regras da Polícia Federal desobedecem  regras de um documento que o Brasil é signatário?”, questionou.

O vereador de São Paulo destacou que o Brasil também é signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e citou o Artigo 5º da Constituição Federal, dos “direitos e garantias fundamentais”, para condenar a prisão do ex-presidente. O artigo prevê que “ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado”.

Longa amizade

Desde a prisão de Lula, Eduardo Suplicy tem demonstrado sua solidariedade ao amigo que conheceu em 1976 quando foi dar uma aula na Fundação Santo André. Na época Lula presidia o Sindicato de Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema. De lá pra cá, a dupla esteve junta em diversos acontecimentos importantes da política brasileira, entre eles a fundação do Partido dos Trabalhadores, as greves do ABC e os governos petistas.

No dia 9 de abril, Suplicy enviou uma carta à Lula justificando que problemas de saúde lhe impediram de comparecer logo nos primeiros dias da vigília. Ele também comentou sobre a declaração que se colocava à disposição para estar preso junto com o ex-presidente. “Ao expressar que queria estar junto com você, caso fosse preso, pensei nos milhões de brasileiros e brasileiras que tiveram uma melhoria tão positiva durante o seu governo que também gostariam de fazer o mesmo”.

Na noite desta quarta-feira (25), Eduardo Suplicy foi um dos idealizadores de um ato em defesa da liberdade, democracia, justiça e contra a prisão do petista no Teatro Oficina, em São Paulo, que contou com a presença de diversos intelectuais, artistas, políticos e juristas.