Delegado da PF é acusado de quebrar equipamentos da vigília pró-Lula em Curitiba

Imagens e vídeos apontam Gastão Shefer Neto como responsável. Ele é ex-presidente da Associação de Delegados da PF e ex-candidato a deputado federal





Gastão Schefer Neto em pronunciamento na Alep, quando era diretor da ADFPR. Foto: Sandro Nascimento/Alep

Um delegado da Polícia Federal de Curitiba se infiltrou na manhã desta sexta-feira (4) na vigília “Lula Livre”, no bairro Santa Cândida, e quebrou equipamentos de som que são utilizados nos atos que acontecem diariamente nas imediações da sede da PF, onde o ex-presidente está preso desde 7 de abril. Imagens e vídeos apontam Gastão Schefer Neto como responsável pelo ataque. Ele é ex-presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF-PR) e ex-candidato a deputado federal pelo Partido da República (PR).

A ação aconteceu logo após o tradicional “bom dia Lula”, realizado todas as manhãs na vigília em solidariedade ao ex-presidente. Segundo relatos de manifestantes, Gastão empurrou pessoas, as caixas de som e puxou fios dos equipamentos, danificando os aparelhos. Equipes que fazem a segurança voluntária do espaço retiraram o homem do local e entregaram aos policiais militares. Já atrás do cerco e do cordão de isolamento, Gastão Shefer continuou provocando a militância. A deputada federal Ana Perugini (PT-SP) e a deputada estadual Márcia Lia (PT-SP), que participaram do “bom dia Lula”, negociaram a realização do boletim de ocorrência junto à PM.

Atual suplente de deputado, Gastão Schefer Neto é conhecido pelas posições de defesa do porte de arma para qualquer cidadão e pela defesa da extinção da maioridade penal. O perfil do delegado no Facebook é recheado de mensagens e imagens de temas polêmicos. Na rede social, Schefer ressalta a importância do cidadão ter o direito de se defender de “bandidos e criminosos”. “Esta casa é protegida por Deus e uma arma! Se você quiser encontrar a ambos, basta entrar sem ser convidado!”, destaca o policial.

Por meio de uma nota, as coordenações da vigília Lula Livre e do acampamento Marisa Letícia manifestaram-se sobre o ocorrido. Confira a íntegra da nota.

A vigília Lula livre, que realizava pacificamente o ato de Bom Dia ao presidente Lula, foi atacada mais uma vez na manhã desta sexta (4), desta vez por um delegado da Polícia Federal, identificado como Gastão Schefer Neto.

Ele aproximou-se aos berros da esquina democrática Olga Benário, ameaçando a todos e todas que ali estavam. Na sequência, quebrou o equipamento de som utilizado nos atos. Neto foi conduzido e ouvido pela Polícia Militar depois de continuar tentando intimidar os militantes, registrando seus rostos com um telefone celular.

Independentemente das sanções penais cabíveis pela agressão praticada pelo delegado Gastão Schefer, a Polícia Federal tem a obrigação de tomar as medidas disciplinares em relação ao seu delegado que agrediu manifestantes pacíficos. Do contrário, a instituição se tornará cúmplice de mais este atentado.

Graças à atuação dos militantes que voluntariamente cuidam da segurança da esquina Olga Benário, Neto foi contido sem que nada de mais grave acontecesse com sua integridade física ou da dos presentes.

A deputada federal Ana Perugini (PT-SP) e a deputada estadual Márcia Lia (PT-SP), que testemunharam toda a ação, estiveram com a Superintendência e a Corregedoria imediatamente após o ocorrido. A deputada estadual Rosangela Zeidan (PT-RJ) também estava no ato no momento. Será registrado ainda um Boletim de Ocorrência. As lideranças dos movimentos e dos partidos tomarão todas as medidas legais cabíveis.

Trata-se do segundo ataque envolvendo agentes da Polícia Federal contra a vigília, quase um mês depois de manifestantes terem sido agredidos com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo na chegada do presidente Lula ao prédio da Superintendência da Polícia Federal, onde é mantido desde então como preso político.

Os movimentos e partidos presentes na Vigília Lula Livre ressaltam que estão legalmente ocupando as ruas nas imediações do prédio da Polícia Federal e cumprindo todas as cláusulas do acordo firmado com as autoridades para garantir o direito constitucional à livre manifestação. Além disso, todas as medidas de organização e civilidade são tomadas para garantir a boa convivência com os moradores do bairro Santa Cândida e minimizar os contratempos causados pelo grande trânsito de pessoas no entorno.

A vigília Lula livre espera o cumprimento por parte das autoridades do compromisso de garantir a segurança de todos e todas e a pronta investigação dos ataques verbais e físicos contra as pessoas que por aqui transitam ou acampam.

Atos de violência ou intolerância não irão nos calar. Aqui seguiremos até a soltura do presidente Lula da prisão injusta, dando continuidade a um projeto de um país para todos e todas.

Lula Inocente!

Lula Livre

Curitiba, 4 de maio de 2018
Vigília Lula Livre